A VENDA de terras férteis aos agricultores do Malawi e o mau atendimento nas unidades sanitárias, principalmente nas maternidades, está a preocupar sobremaneira os cidadãos residentes no distrito de Morrumbala, na Zambézia.
Os dois problemas que inquietam os cidadãos desde finais do ano passado foram apresentados pelos residentes locais ao governador da Zambézia, Francisco Itae Meque, que há dias trabalhou naquele distrito no contexto da governação e participação inclusiva, que visa, entre outros objectivos, auscultar e desenhar estratégias de soluções sobre os principais problemas socioeconómicos que a população enfrenta no dia-a-dia.
Os líderes comunitários do distrito de Morrumbala são acusados pela população local de vender ou alugar grandes extensões de terra aos agricultores malawianos, deixando centenas de cidadãos nacionais sem terra suficiente para aumentarem as áreas de cultivo e de forma a consolidarem o desafio de combate à pobreza absoluta. Os cidadãos que intervieram na reunião orientada pelo governador da Zambézia no posto administrativo de Chire disseram que depois da colheita, os líderes comunitários exigem aos agricultores malawianos um terço dos rendimentos da produção.
Desta forma, os líderes comunitários que residem na faixa de do rio Chire acabam tendo celeiros abarrotados de cereais e outros produtos, símbolo de prestígio nas suas comunidades e têm mais possibilidade de ganhar dinheiro no pico da comercialização.
O chefe do Posto Administrativo de Chire, Lastone Suazi, disse à nossa Reportagem que devido à acção ilegal de venda de terras aos agricultores malawianos, um líder perdeu a sua legitimidade perante a sua comunidade e representantes do Estado na região de Chire. O nosso entrevistado disse que foi a própria comunidade que pediu o seu afastamento da liderança da região por entender que a sua acção era contrária aos objectivos da comunidade que o indicou.
A fonte disse que neste momento decorre um trabalho de mobilização dos líderes comunitários para desencorajá-los a envolverem-se no negócio de terras. Aliás, a mesma situação vive-se no distrito de Milange, a norte da província Zambézia, onde as autoridades comunitárias das regiões fronteiriças de Molumbo e Corromane estão a vender terras aos agricultores da vizinha República do Malawi.
Entretanto, a população da vila sede distrital de Mopeia, na Zambézia, queixa-se do mau atendimento nas unidades sanitárias, principalmente, nas maternidades. O governador da Zambézia, Francisco Itae Meque, não gostou do que ouviu e está desapontado com os profissionais de Saúde que atendem mal as parturientes. Itae Meque orientou ao Governo distrital para corrigir o problema com efeitos imediatos, uma vez que o Executivo considera que as mulheres parturientes e as crianças representam um grupo de especial atenção nos programas de assistência sanitária.
O governador reuniu-se imediatamente com a direcção do Hospital Distrital de Morrumbala a quem deixou recados para se criar um grupo de vigilância, com vista a monitorar a situação do mau atendimento denunciado pela população.
- JOCAS ACHAR