Diversas instituições financeiras que comparticipam no Orçamento do Estado de Moçambique, incluindo Banco Mundial (BIRD), Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e Agência de Desenvolvimento Britânico (DFID), censuraram o Governo de Maputo pelo fracasso nos esforços que desenvolve na luta contra a pobreza absoluta, pelo menos nos últimos 15 anos.
A crítica foi formalizada, semana passada, no decurso de uma reunião que envolveu cerca de uma centena de peritos daquelas agremiações.
“Nos últimos 15 anos, Moçambique atingiu a estabilidade macroeconómica e experimentou um crescimento económico notável, porém, os resultados dos últimos inquéritos sobre as condições de vida da população sugerem uma estagnação na redução da pobreza e a criação de emprego ficou abaixo das expectativas”, destaca o documento com conclusões da conferência que decorreu de 9 a 11 de Fevereiro de 2011.
Em face desse cenário, os participantes procuraram formas viáveis e alternativas para incrementar a geração de emprego e reduzir a pobreza “através do crescimento económico acelerado e sustentado de forma inclusiva”, segundo se lê também no comunicado do encontro cuja cópia está em poder do Correio da manhã.
Assim, foi vincada a necessidade da transformação estrutural da economia com o objectivo de fomentar uma base exportadora competitiva, diversificada e produtiva e na necessidade de impulsionar a produção e produtividade dos sectores intensivos em mão-de-obra, particularmente, no sector da Agricultura.
Quanto à transformação dos sectores produtivos e criação de emprego, salientou a conferência de alto nível a importância da continuidade e preservação da estabilidade macroeconómica e vincou a imperiosidade de o Estado desempenhar o papel de facilitador ao sector privado.
A criação de habilidades técnicas e vocacionais, o potencial dos programas de obras públicas na criação de emprego e geração de habilidades, a facilitação da actividade produtiva através de políticas públicas passivas e activas, a importância da melhoria do ambiente de negócios, a integração do desenvolvimento espacial, incluindo pólos de desenvolvimento, o investimento público e o desenvolvimento das infra-estruturas, bem como a melhoria na gestão dos recursos minerais e a importância das redes de protecção social foram temas que também mereceram fortes discussões naquele encontro.
Agricultura
Um dos pontos-chave da conferência foi o aumento da produção agrícola familiar e comercial e o seu papel na redução da pobreza, tendo-se concluído que devido à grande proporção de famílias de agricultores de subsistência, o país precisa de investir em políticas que assegurem, de forma sustentável, o aumento dos rendimentos e da produtividade agrícola.
A conferência incluiu 24 apresentações feitas por especialistas moçambicanos e expatriados em diversas áreas e também contou com a participação, para além dos representantes do BIRD, BAD, FMI e DFID, dos membros do Governo, Banco de Moçambique, sociedade civil moçambicana, sector privado, instituições académicas e parceiros internacionais de desenvolvimento activas em Moçambique.
@VERDADE/CORREIO DA MANHÃ – 22.02.2011