Chama-se Fátima Kalifa, frequenta a 10ª classe na Escola Comunitária Fraternidade, na cidade de Pemba, há quatro anos, mas que no limiar deste apareceu com vestes religiosas que lhe cobrem toda a cara. A direcção da escola considera aquela atitude fora dos regulamentos do estabelecimento de ensino e os professores, colectivamente, se recusam a leccionar na sua turma.
Passam duas semanas consecutivas que Fátima Kalifa não assiste as aulas, por se encontrar suspensa até que volte a se vestir como as outras colegas. No entanto, ela disse que a escola está a violar os seus direitos constitucionais e as suas liberdades religiosas, que incluem, neste caso, o seu modo de vestir.
Fátima Kalifa desafia, por outro lado, a direcção da escola a indicar o dispositivo regulamentar que a proíbe de se apresentar da forma como o faz no presente ano, o que pode estar a dever-se ao casamento que contraiu com um reconhecido muçulmano, que acaba de regressar de Meca, Arábia Saudita, onde se formou em Teologia Islâmica, para além da sua formação igualmente em outras áreas fora do território nacional.
Os professores e a direcção não arredam-pé. Querem que ela saia da escola e Fátima Kalifa, já com o apoio de seu marido, considera-se positivamente injustiçada. O problema está a chamar a sensibilidade das autoridades locais da Educação, que também parecem concordar com a posição da “Fraternidade”.
O substituto da directora da Educação e Cultura da Cidade de Pemba, Afonso Namaito, disse que a atitude da aluna visa sabotar o processo de ensino na escola e sugere que deve ser posta de lado para que as aulas prossigam normalmente.
“Há normas a seguir. Se a escola instituiu um uniforme é esse que deve ser usado por todos os alunos, sem excepção. Não podemos ir de casaco e gravata na praia e ir de fato de banho no restaurante. Cada lugar com as suas vestes, não devemos deturpar as coisas, ela deve se redimir”, disse Namaito, por analogia.
Mas o director da escola quer levar o assunto ao Conselho Escolar, um órgão que inclui alguns pais e encarregados de educação dos alunos, numa altura em que a aluna, uma das mais assíduas daquela escola, não deixa de aparecer com as mesmas vestes e clama pela justiça por todos os lados.
Mahomed Tacuane, esposo da aluna em causa, disse que o imbróglio é apenas uma “ponta do iceberg” dum posicionamento anti-islâmico que, neste caso, pretende ser representado por aquela escola. Revelou que tem mais uma mulher, técnica de Saúde, que trabalha no bairro de Muxara, que nunca foi questionada por se vestir tal como a Fátima.
A Escola Secundária Fraternidade é pertença da Africa Muslim Agency (AMA), sob gestão do Governo, por via de um memorando assinado entre as partes há mais de 10 anos.- Pedro Nacuo