Falta de infra-estruturas próprias
O Conselho Municipal da Vila de Namaacha, criado oficialmente em 2008, ano em que foram realizadas as terceiras eleições autárquicas, ainda não tem instalações próprias para funcionar. Anualmente, gasta cerca 204 mil meticais a alugar o edifício onde funciona a edilidade. “Por mês, são cerca de 17 mil meticais de renda”, disse Jorge Tinga, o edil local.
Tinga acrescentou ao Canalmoz que faltam infra-estruturas para albergar as direcções e vereações municipais de pelouros especializados.
Esta é uma situação caricata se se tiver em conta que a criação daquele município, assim como de outros nove (9), foi algo programado com antecedência. A 22 de Abril de 2008, a Assembleia da República aprovava a criação de mais 10 vilas municipais, a acrescer às 33 já autarcisadas, mas estas últimas, até hoje, ainda não tem onde funcionar e gastam contribuições de munícipes em renda de escritórios.
Jorge Tinga disse, entretanto, que uma sede municipal está a ser erguida em Namaacha, que, terminada, irá aliviar o aperto dos cofres do município. As obras já iniciaram e vão consumir 27 milhões de meticais. Espera-se que terminem entre Dezembro deste ano e Janeiro de 2012, segundo prevê o edil.
Balanço positivo da municipalização
A vila de Namaacha é vila desde Abril de 1964. Em Abril de 2008 foi elevada à categoria de município, no âmbito da expansão do processo de autarcização do País.
Volvidos dois anos, Jorge Tinga disse que faz um balanço positivo dos poucos anos da municipalização da vila. “Temos um bom sistema de recolha de resíduos sólidos, por isso não é possível encontrar lixo acumulado (na vila). Reparámos algumas vias de acesso e há máquinas no terreno dando continuidade a esse trabalho”, aponta o edil.
Edil faz um discurso dissonante com a realidade
A reportagem do Canalmoz esteve, a semana passada, no Município da Namaacha. Entretanto, contrariamente ao que Jorge Tinga diz, a olho nu, pode-se constatar que a Namaacha é um município onde as infra-estruturas continuam muito degradadas e obras iniciadas continuam por terminar.
As vias de acesso, no coração da vila, clamam por nova pavimentação. A Direcção Distrital de Educação de Namaacha está a funcionar num edifício esteticamente incompatível com quem pretende educar cidadãos.
O Comando da Polícia da República de Moçambique e a Direcção de Identificação Civil, que partilham instalações, estão também com mau aspecto. A Namaacha, diga-se, tem em geral aspecto, de uma localidade esquecida.
Mercados reabilitados
Mas Jorge Tinga defende o seu quinhão com unhas e dentes. Afirma que os mercados locais estão devidamente conservados e com uma boa higiene desde que assumiu o poder. “Reabilitámos o Mercado Central e temos casas de banho limpas”.
Abastecimento de água
Na área de abastecimento de água, o edil conta que está em curso a canalização de água potável. Diz que uma das acções notáveis nesse processo é a abertura de bombas manuais e furos de água. Destes últimos, “cinco foram entregues à comunidade em Dezembro de 2010”, diz. Acrescenta haver um projecto de montagem de mais furos de água a entrarem em funcionamento ainda este ano.
Desafios
Jorge Tinga disse que um dos desafios desta sua governação é a ampliação e o melhoramento da rede de abastecimento de água, fornecimento de energia eléctrica para os munícipes, sobretudo para os bairros mais distantes da vila, bem como construir e reabilitar mais vias de acesso. (Emildo Sambo)
CANALMOZ – 21.02.2011