A organização Human Rights Watch avisou contra os perigos do que chamou de "buraco negro nos direitos humanos" na Costa do Marfim, após a divulgação da morte de mais seis manifestantes em protestos na segunda-feira.
A tensão naquele país continua em ascendência desde a instalação do impasse pós-eleitoral criado pela resistência do presidente Laurent Gbagbo em entregar o poder ao seu rival Allasane Ouattara, reconhecido internacionalmente como o vencedor das eleições de Novembro passado.
A Human Rights Watch, grupo com sede aqui no Reino Unido, diz ter na sua posse provas de violações sexuais e assassinatos extra-judiciais perpetrados por elementos leais aos dois candidatos.
Também as Nações Unidas dizem que cerca de 500 pessoas, na sua maioria apoiantes de Ouattara, foram mortas desde o anúncio dos resultados no mês em Dezembro.
Amnistia Internacional
Já a Amnistia Internacional diz ter registos de sérias violações dos direitos humanos em Abidjan e na região oeste do país, onde se estima que cerca de 70 mil pessoas tenham sido forçadas a abandonar as suas casas.
Entretanto quatro chefes de estado africanos chegaram a Abidjan esta segunda-feira para tentar encontrar uma siolução mediada para a actual crise.
Os presidentes da Africa do Sul, Tanzânia, Chade e Mauritânia aterraram na Costa do Marfim enquanto decorriam novos protestos e confrontos entre groups adversários .
Apoiantes do presidente Gbagbo terão disparado contra elementos leais a Ouattara matando seis pessoas.
Diplomacia
O correspondente da BBC na Costa do Marfim diz que esta visita se trata da última tentativa diplomática para por fim ao impasse, que colocou o maior exportador mundial de cacau à beira do colapso económico.
O presidente do Burkina Faso, Blaise Campaore, que fazia parte do painel enviado pela União Africana acabou por cancelar a sua viagem depois de uma milícia pró-Gabgbo ter ameaçado atacar a sua delegação, alegando que Campaore era um apoiante de Ouattara.
Na passada semana os maiores bancos comerciais do país estiveram encerrados. A actividade comercial está praticamente paralisada, enquanto que nos dois principais portos poucos foram os navios que atracaram, em resultado das sanções impostas pela União Europeia.
O presidente Gbagbo ordenou entretanto o recolher nocturno obrigatório para tentar estancar os protestos.
BBC – 23.02.2011