O Senegal cortou as relações diplomáticas com o Irão, acusando-o de fornecer armas aos rebeldes separatistas da região de Casamance região onde três soldados senegaleses foram mortos durante ataques ocorridos durante o fim-de-semana.
Os dois países tinham anteriormente fortes laços diplomáticos que foram atenuados desde Outubro passado, quando 13 contentores carregados de armas provenientes do Irão foram interceptados no porto nigeriano de Lagos.
As armas deviam seguir para a Gâmbia, que separa o resto do Senegal da região de Casamance. Os rebeldes de Casamance têm conduzido, desde a década de 80, uma guerra de atrito para obter a independência.
Preocupado com o facto de as armas serem destinadas para os rebeldes, o Senegal chamou o seu embaixador no Irão em Dezembro passado, para o fazer regressar a Teerão apenas em Janeiro último.
Desde então o ministro dos estrangeiros senegalês Madicke Niang referiu que informação comprometedora veio à luz do dia.
Niang sublinhou que o relatório do exercito senegalês indicara que os rebeldes possuíam armas sofisticadas, o que nas palavras de Niang não terão caído do céu. Segundo aquela fonte foi determinado que as armas tinham sido provenientes do Irão.
Niang acrescentou que o Senegal não pode manter relações diplomáticas com uma nação que trabalha para a desestabilizar.
O ministro dos estrangeiros emitiu um comunicado cortando os laços com o Irão e responsabilizando o armamento sofisticado pelas mortes de soldados senegaleses em Casamance.
Segundo o comunicado, o ministro dos estrangeiros iraniano encontrou-se, a 19 de Fevereiro, com o presidente senegalês tendo admitido que o Irão tinha entregue, por varias vezes, grande quantidade de armas à Gâmbia, e que a carga apreendida na Nigéria continham munições destinadas à Gâmbia, que cortara o relacionamento com o Irão em Dezembro.
O ministro dos estrangeiros Nianga indicou que o Senegal deveria ter sido informado do que se passava, o que classificou como uma obrigação considerando a intensidade do relacionamento que o Senegal tinha desenvolvido com o Irão.
Não é claro o impacto deste divórcio diplomático tenha nos interesses económicos no Senegal, incluindo a cooperação no valor de 200 milhões de dólares assinado em Janeiro e as actividades de fabrico de viaturas iranianas nos arredores de Dacar.
Um iraniano comerciante de armas e o seu congénere nigeriano encontram-se a ser julgados na Nigéria em relação com o carregamento de armas, que incluía morteiros, granadas, e munição para baterias anti aéreas.
VOA – 23.02.2011