CORRESPONDÊNCI@
Por: Noé Nhantumbo, Beira
Pequenas acções de reconhecimento valem mais do que estátuas…
Parte do bate-boca actual na arena cultural e política tem sido no sentido de defender posições em relação a heroicidade deste ou daquele. Procura-se abordar a questão através de uma cobertura marcadamente política e neste sentido tem havido diversas tendências mas quase todas levando as coisas para extremos.
O debate tem sido quase sempre centrado na capital do país e os que continuamente conseguem fazer passar os seus pontos de vista e que acabam por ver as suas preferências adoptadas são quase sempre os mesmos.
No resto do país tem se registado uma tentativa de abraçar a corrente nacional de discussão e debate culturalpolítico das perspectivas locais sobre heróis e outros assuntos relacionados.
Quando alguém de longe apela para que o CMB (Conselho Municipal da Beira) se lembre do Thazz, este cantor tão querido em vida, pelos citadinos, isso é relevante e sinal de que afinal há pessoas concretas preocupadas com as questões culturais e políticas danossa cidade e país.
Não se pode reivindicar algo se não entramos pela via da apresentação das nossas preocupações e da defesa das mesmas.
Clamar para que se reconheça os méritos de Thazi e para esse efeito de outros brilhantes intérpretes da cultura local é uma necessidade de afirmação cultural e também política. É uma atitude que revela uma postura de cidadania que tanta falta faz para o desenvolvimento da Beira e de qualquer outra cidade deste grande Moçambique. Concordamos com o apelo que chega de Bruxelas e com outros no sentido de se começar a valorizar o que é nosso pois se não o fizermos ninguém de fora virá fazê-lo por nós.
As vereações responsáveis pelo pelouro da Cultura no Conselho Municipal da Beira em colaboração com o Arquivo Histórico local iniciaram a tempos um exercício de auscultação dos cidadãos e organizações da sociedade civil sobre propostas de nomes para ruas, praças e outros locais desta cidade da Beira.
O trabalho que terá sido feito tem de conhecer a luz do dia e ser apreciado pelos cidadãos de maneira que estes o avaliem e votem pelas escolhas feitas ou apresentadas pelos diferentes segmentos da sociedade.
Os moçambicanos têm de tomar a iniciativa de determinar quem são os seus heróis e quem são aqueles cidadãos que merecem honra e admiração pelos seus feitos na promoção da moçambicanidade nos diversos aspectos da vida deste país.
Se hoje falamos de Thasy não queremos esquecer outros como o saudoso Mazembe ou Beirão que tanto deram em vida para o conhecimento das nossas formas particulares de expressão cultural e artística. Estes e outros que caíram no anonimato pela pressão do quotidiano e pela ausência de uma agenda cultural sustentada em programação e estudo devem ser levados a luz do dia. Quem se esquece do seu passado dificilmente conseguirá encontrar ou descobrir os caminhos mais adequados para abordar o se presente.
Honrar e homenagear figuras sonantes do nosso mosaico cultural só vai fortalecer o nosso sentido de pertença a este espaço particular que é Beira, Sofala no contexto mais amplo do que é o nosso país, Moçambique.
Eles merecem por isso é urgente que alguma coisa deste nosso espaço receba os seus nomes como nosso reconhecimento simples mas profundo…
O AUTARCA – 22.02.2011