O lider da Libia, o coronel Muammar Gaddafi, recusa demitir-se apesar dos generalizados protestos anti-governamentais que ele diz terem manchado a imagem do país.
No seu primeiro grande discurso desde que iniciaram os protestos, Kadafi disse que os olhos do mundo estavam colocados na Líbia e que os manifestantes estavam "a servir o diabo".
Ele disse que não iria abandonar o país e que iria morrer "como um mártir".
O Conselho de Segurança das nações Unidas está reunido de emergência para discutir a crise na Líbia, onde manifestações anti-governamentais foram recebidas com violência pelas autoridades.
A Liga Árabe está reunida no Cairo com o mesmo propósito.
Evacuação
Vários governos estão a organizar o regresso dos seus cidadãos apanhados no meio da violência na Líbia, que já provocou mais de duzentos mortos.
Dezenas de milhares de estrangeiros estão a tentar sair do país, depois dos confrontos entre as forças de segurança e manifestantes terem levado ao que tudo indica a centenas de mortos.
O Egipto aumentou a sua presença militar perto da fronteira e ergueu hospitais de campanha, quando milhares de cidadãos regressam ao seu país.
Vários países estão a evacuar os seus cidadãos e as companhias petrolíferas estão a recolocar os seus funcionários.
Correspondentes em Tripoli dizem que a capital permanece calma mas que há um sentimento de intimidação depois de uma noite de violência.
'Crimes contra a humanidade'
Entretanto, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse que os ataques a civis podem ser considerados crimes contra a humanidade.
Um porta-voz da Comissária disse que o uso da força contra os manifestantes pode ir contra as regras de conduta estabelecidas pelo Tribunal Penal Internacional, TPI.
"Quando existe este grande número de vítimas e ataques à população civil, isto pode de acordo com o TPI ser considerado um crime contra a humanidade, porque estes manifestantes são pacíficos sem qualquer protecção e o uso da força foi desproporcionado", dizia um porta-voz da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos.
Um correspondente da BBC em Tripoli diz que apesar da grande presença policial na capital, a segunda cidade, Benghazi, está sob controlo da oposição e não há sinais das forças de segurança.
O jornalista da BBC Jon Leyne no Egipto, diz que o regime parece estar a combater em múltiplas frentes, ao tentar por cobro aos protestos e a lidar com o crescente número de militares que se insurgiram contra o líder líbio.
Diplomatas deixam de apoiar Gaddafi
Cada vez mais diplomatas líbios por todo o mundo dizem que não apoiam o coronel Gaddafi.
O embaixador líbio nos Estados Unidos, Ali Aujali, disse à BBC que estava a apoiar os manifestantes e que não poderia continuar a representar o seu país.
"Estou a seguir atentamente o que se passa na Líbia. Vi pessoas inocentes a serem mortas após ataques de artilharia pesada. Essas pessoas querem apenas exigir os seus direitos e a forma como o governo está a lidar com a crise é inaceitável a meu ver.
"Trabalho para o ministério dos negócios estrangeiros há 40 anos e não posso terminar a minha carreira a representar um governo que está a matar o seu próprio povo de uma forma selvagem", dizia o embaixador da Líbia nos Estados Unidos.
Os jornalistas estrangeiros estão a trabalhar com restrições na Líbia e muita da informação que surge é impossível de verificar.
Mas as autoridades aceitam que cidades como al-Bayda e Benghazi, tradicionalmente afectas à resistência governamental, estão agora sob controlo da oposição.
BBC – 22.02.2011