“Quem sustenta o governante é o povo; quem o legitima é o seu povo"
A investigadora Iraê Lundin disse que os governantes que não respeitam o poder dos seus povos poderão ser afectados pela onda de manifestações que se alastram um pouco por toda a África. “Aquele governante que está no poder pela força - até pode ter sido eleito de maneira legítima, mas não se comporta, hoje, no sentido de considerar as regras democráticas - fomenta a corrupção, não considera o bem-estar do seu povo, não lembra que o poder é muito bom e é sustentado pelo povo. Se isto acontece, acho que esse governante pode ficar de alerta”, disse Lundin.
“Quem sustenta o governante é o povo; quem o legitima é o seu povo. O governante que foi posto no poder por eleições justas, livres e transparentes, e que no exercício do poder as suas acções concorrem para consolidar essa legitimidade, esse governante pode ficar muito tranquilo; ele vai cumprir o seu mandato e o povo vai estar ao seu lado”, acrescentou.
A investigadora acredita que a questão de fundo tem que ver com a legitimidade, uma vez que alguns governantes começam com um elevado grau de legitimidade, porém, à medida que o tempo passa, essa legitimidade reduz quando começam a tentar alargar os seus mandatos para além do que está consagrado na constituição.
Em relação ao congelamento das fortunas dos presidentes depostos no âmbito das revoltas populares, Lundin acusou algumas instituições ocidentais de hipocrisia. “É interessante que cada vez que Ben Ali ou Hosni Mubarak enviavam dinheiro para bancos ocidentais nunca lhes era questionada a proveniência do mesmo.
O PAÍS – 22.01.2011
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