GENESMACUA de: Sebastião Cardoso
Em associação aos pertinentes e assertivos acentos nos is de Eleutério, vou pôr uns acentos nos jotas para falar de cotas.
Li uma crónica no Whampula, acerca da morte social, oficialmente declarada, do cidadão moçambicano com mais de 35 anos, no mercado de trabalho moçambicano.
Por todas as razões invocadas pelo ilustre cronista, isto é realmente preocupante, ridículo, estúpido e imaturo.
Ou seja, a política de contratação laboral em Moçambique, tal como em Portugal, rege-se pelos princípios do futebol. Aos 35 anos já não tens capacidade para fazer umas boas jogadas ou deveria dizer boladas?...
Continuamos a seguir, inconscientemente, o paradigma do ex colonizador, o país mais pobre e atrasado da Europa.
Em Inglaterra, melhor, no Reino Unido, mais de 70% dos novos empregos teem sido ocupados por cidadãos com mais de 50 anos, segundo dados divulgados, na semana passada, pela BBC.
Em certos casos, é dada preferência a esses cotas pela sua maturidade, seriedade, empenhamento, pontualidade, assiduidade, responsabilidade, respeito etc, etc, e sabedoria de vida.
Sem menosprezar a juventude, salvo raras excepções, eu prefiro ser atendido por um médico de 50 anos, escolho o arquitecto e o advogado com 50 anos e peço conselhos, sobre assuntos delicados, ao amigo de 50 anos. Estes cinquentinhas teem experiência de vida.
Experiência é o nome que, geralmente, se utiliza para dar aos erros que cometemos no passado.
Em 2010, um cota de 67 anos, de Murrupula, concorreu contra um rival de 57 anos, de Chibabava, ao emprego de Presidente e renovaram-lhe o contracto por mais 5 anos, foi ele o obreiro das polémicas operações Produção e 24 horas/20 quilos. Não há nada como dar emprego a alguém mais velho, com
experiência... o outro, continua a adquirir experiência... recentemente, veio a público dizer que derrubaria o governo da Frelimo em 24 horas!!!
Onde está' a oposição para confrontar estas políticas laborais anacrónicas? Não há... Continuamos, simplesmente, a viver uma política bicéfala ou tricéfala com o surgimento de Simango. Tudo está concentrado nos líderes. Onde é que anda o hipotético ministro do Trabalho da oposição para vir criticar esta situação? Quando existe um problema no Ministério da Educação ou Interior onde é que estão esses hipotéticos ministros para virem a público criticar e apresentar sugestões?
Onde está a personalidade da oposição que almeja ser o próximo primeiro ministro?
O principal líder da oposição, natural de Chibabava, mudou-se para Nampula e dá comicios na Muhala!!!
Segundo a imprensa angolana, Rosália, a sua esposa, que vive em Maputo, queixa-se da falta de dinheiro para alimentar e educar os seus 8 filhos, 2 dos quais em Portugal. Em relação a estes últimos, diz ela: "Não sei onde ir tirar dinheiro para mandar aos meus filhos que estão em Portugal". Tirar, foi uma palavra bem escolhida por Dona Rosália...
Por vezes, chego a pensar que os partidos de oposição são uma espécie de colónias submetidas a uma metrópole chamada Frelimo.
A oposição decente, em Mz, tem sido feita por jornalistas, com acentos nos jotas...
WAMPHULA FAX – 25.03.2011