Seis fiscais da Agricultura, ligados aos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia, que assistiram o empacotamento dos cerca de 200 contentores de madeira que iam ser exportados ilegalmente, estão suspensos das suas actividades por se reconhecer que faltaram à sua obrigação profissional ao não impedirem que aquelas quantidades fossem contentorizadas e exportadas conforme o estabelecido por lei. Aquela operação havia sido abortada pelas autoridades provinciais do sector.
Para além de terem faltado à sua obrigação profissional, a conduta dos fiscais ora suspensos está a ser agravada pelo facto de na reabertura dos contentores e consequente recubicagem, estar até aqui a descobrir-se que as quantidades declaradas para a exportação estão 50 porcento abaixo das reais, o que revela a intenção de sonegar uma boa parte da carga que já estava exportada em claro prejuízo do Estado moçambicano.
Entretanto, ainda não há informações definitivas sobre a operação, passados dois meses e meio que o navio Kota Mawar, carregando 161 contentores de madeira que ia à exportação ilegal, foi retido, no porto de Pemba, desencadeando o processo que culminou com o desempacotamento de todos os contentores.
Deste grupo incluem-se os contentores que ainda se encontravam no recinto portuário, depois que se concluiu que todos estavam envolvidos numa operação ilegal, incluindo o transporte de marfim e outros recursos naturais proibidos por lei.
As autoridades da Agricultura pedem calma à sociedade e, diariamente, a operação de recubicagem no estaleiro da Empresa de Construção e Manutenção de Estradas e Pontes (ECMEP) continua sob a vigia de elementos das estruturas do sector e das forças de segurança.
As Alfândegas, que igualmente têm um seu homem em cada operação de empacotamento, ainda não encontraram culpa em nenhum dos seus fiscais, facto que está a alimentar outras leituras, se bem que a assistência à carga é feita conjuntamente com os fiscais da Agricultura, mas diz-se estar em curso um processo interno.
No local de recubicagem, a nossa Reportagem constatou que a madeira, já ao relento, está a correr sério risco de se deteriorar, bem assim algumas espécies já estão a germinar, o que, para alguns atentos na matéria, aconteceria já no local de destino, viabilizando, deste modo, a reprodução da espécie moçambicana.
Este facto explica o facto de há mais de cinco anos ter sido abortada uma exportação de raízes de espécies florestais moçambicanas, no distrito setentrional de Mueda, onde ainda jazem, frente ao edifício do tribunal e procuradoria distritais.- Pedro Nacuo