O governador da província da Zambézia, Francisco Itae Meque, denunciou que cidadãos do Malauí estão a inscrever-se como antigos combatentes em Moçambique, num esquema que alegadamente envolve ex-militares moçambicanos.
Discursando num comício popular, Francisco Itae Meque admitiu que algumas pessoas que se inscreveram como antigos combatentes, para beneficiarem de privilégios sociais inerentes a este grupo, são de proveniência malauiana.
O governo na Zambézia diz ter informações de que nos distritos próximos da fronteira, nomeadamente Milange, Lugela, Morrumbala e Namarrói, há pessoas provenientes do Malauí, aparentemente instruídas pelos próprios antigos combatentes para se inscreverem.
A Zambézia, centro de Moçambique, é uma das províncias que está a acolher o recenseamento dos antigos combatentes, um processo que visa atualizar os 600 ex-militares inscritos no ano passado.
As autoridades estranharam o crescente número de interessados que se apresentaram como antigos combatentes e suspeitaram que alguns não sejam exatamente antigos militares da luta de libertação.
O diretor provincial para a área dos combatentes na Zambézia, Martins Bartolomeu, disse ter desconfiado do registo dos 6.652 cidadãos que reclamaram a atribuição do estatuto de antigos combatentes naquela região.
Segundo Martins Bartolomeu, dos 6.652 inscritos, 1.124 foram registados no distrito de Mocuba, uma das regiões onde o governador da Zambézia declarou "haver extrema necessidade de maior averiguação para se apurar a existência de infiltrados ou não no grupo".
Do universo dos inscritos em Mocuba, 942 já recebem pensões, 492 dos quais de reforma por invalidez e 376 de reforma militar, segundo dados da direção provincial dos combatentes na Zambézia.
Em declarações aos jornalistas, o governador da Zambézia disse que a questão terá que ser rigorosamente analisada, porque há fortes indicações de existência de pessoas a apresentar-se nos locais de registo.
"A ser confirmado o que se suspeita, os implicados arriscam-se a ser penalizados, porque mentir, sobretudo para as autoridades, é crime", referiu o governante.
Itai Meque destacou a existência de malauianos que estão a atravessar a fronteira para a Zambézia, com a alegação de que, durante a luta armada, serviram o exército nacional nas suas incursões militares contra o regime colonial português.
"O estatuto de antigo combatente é conferido àqueles que pegaram em armas para se confrontarem com o regime colonial. Neste momento, aparecem pessoas a dizer que receberam os combatentes no período de confrontação armada e prestaram uma e outra assistência e reclamam que, por isso, merecem ser tratadas como antigos combatentes", referiu Itae Meque.
MMT.
Lusa – 28.03.2011