Correspondênci@
Por: Noé Nhantumbo, na Beira
Alugar casa quando se tem uma não faz sentido a menos que seja por negócio…
A empresa pública PETROMOC na cidade da Beira possuía a tempos atrás instalações onde funcionava a sua delegação regional na zona centro do país.
Provavelmente devido ao estado de conservação deplorável do imóvel e para melhorar as condições de trabalho para os seus funcionários houve a decisão de abandonar aquele lugar e arrendar outro nas imediações.
Os dois imóveis situam-se na praça do Município no centro da cidade da Beira.
Até aqui nada a questionar ou a reclamar.
A transferência ou mudança de instalações pode fazer parte dos planos de qualquer empresa ou instituição e acontece quando se julgue necessário.
Porém, quando se trata de uma empresa pública, de interesse público, o que ela faz e como faz tem a ver com todos nós entanto que contribuintes. Não nos podem esconder aquilo que também a nós pertence sob nenhuma justificação.
Supunha-se que a PETROMOC estava mudando de instalações para dar lugar a reabilitação das que anteriormente ocupava.
Supunha-se que num determinado prazo de tempo, curto, para bem das suas finanças, voltasse as suas instalações.
Arrendar e utilizar edifício próprio tem as suas diferenças e uma delas é o valor que se paga no aluguer.
O local actualmente ocupado como sede regional desta empresa, segundo informações colhidas junto a cidadãos que mostram algum conhecimento do dossier, deve estar custando mensalmente cerca de USD 2.000,00.
Supondo que a empresa pública está arrendando instalações há já 10 anos isso pode significar USD 240.000,00 dispendidos.
A função de uma empresa é produzir lucros e poupar tanto quanto possível.
A reabilitação das antigas instalações a custos actuais deve ser significativa mas se tivesse havido a decisão de reabilitar a 10 anos atrás, hoje a empresa estaria livre do pagamento de rendas e possuiria um local aprazível para funcionar em pleno.
O barato as vezes sai caro como diz o ditado popular.
Seria interessante perguntar a direcção da PETROMOC como justificam as contas de aluguer quando possuem instalações próprias.
Como entender e justificar que uma empresa pública deixe praticamente abandonado um imóvel de sua propriedade e opte por alugar outro?
A responsabilidade de gerir o património de uma empresa pública difere da empresa privada.
Os gestores de uma empresa pública têm de responder ao governo pelos seus actos e decisões. E o governo deve responder ao Parlamento sobre a gestão da coisa pública.
Podemos aceitar que na altura da tomada de decisão de mudança de instalações houvesse fortes motivos para tal e que não restava outro caminho.
Agora o que não podemos entender é como passados todos estes anos nada tenha sido feito nas antigas instalações e que não vislumbre plano algum de acção tendente a devolver funcionalidade ao local.
As decisões relacionadas com a gestão são actos com consequências e os seus responsáveis tem a obrigação de prestar contas sobre isso.
A apatia e falta de informação, o total silêncio em que funcionam algumas empresas públicas merecem o devido tratamento ao nível do governo.
Os investimentos que a PETROMOC realiza nos diversos domínios da sua actuação são parte da sua responsabilidade.
Quando se opta por apoiar campanhas de publicidade e acções de âmbito social, cultural isso é bem-vindo e faz parte do que as empresas públicas devem fazer.
Mas fica-se incrédulo quando se entra em campanhas de publicidade e não se consiga reabilitar instalações mesmo no centro da cidade da Beira.
Até porque o estado de abandono das instalações dá mau aspecto a urbe, além das mesmas tenderem nos últimos tempos a transformar-se no abrigo de marginais, os quais andam a fomentar criminalidade na cidade.
Como justificar o contínuo arrendamento de instalações quando se possui instalações próprias?
É preciso que a direcção desta empresa diga qualquer coisa para parar com esta situação insustentável.
O público contribuinte deve receber informação pertinente porque de contrário estará havendo violação grave dos preceitos da gestão da coisa pública…
O AUTARCA – 25.03.2011