QUATRO moçambicanos de um total de sete que se encontravam a viver ou a estudar na Líbia, regressaram ontem ao país, depois de terem aterrado Domingo último, na cidade sul-africana de Joanesburgo, num voo da companhia aérea “South African Airways” (SAA). A saída daqueles compatriotas daquele país africano, segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, só foi possível mediante negociações com o Governo sul-africano que havia feito deslocar para a Líbia um avião da SAA para retirar os seus concidadãos.
Trata-se de Caímo Hussene, Djabir Taria, Amadula Baduri e Mohamed Semá. Os três primeiros estavam ainda a aprender a língua árabe para depois cursarem, respectivamente, tradução, economia e medicina, enquanto Sema já estudava no terceiro ano de tecnologias de informação.
Falando a Jornalistas, em Maputo, logo depois de terem sido recebidos pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, os quatro compatriotas nossos afirmaram que durante o tempo que estiveram na terra de Muhammar Kadafi, sempre estiveram em segurança.
Acompanhados pelos respectivos familiares, os quatro afirmaram ainda que quando eclodiram as manifestações, foram obrigados a permanecer no “campus” da universidade em que estavam a estudar. Referiram ainda que não chegaram testemunhar, “in loco”, nenhum tipo de manifestação ou violência perpetuados pelos líbios que pretendem retirar Muhammar Kadafi do poder.
“Só tomamos conhecimento da violência em Tripoli através dos nossos familiares e/ou amigos que connosco contactavam. Alias, nós decidimos abandonar a Líbia em resposta aos pedidos dos nossos familiares e do Governo moçambicano. Na nossa universidade éramos sete estudantes moçambicanos mas três decidiram permanecer lá”, disse, em nome dos restantes, Mohamed Semá, depois de manifestar, em nome de todos, o desejo de voltar para a Líbia logo que a situação se normalizar.
Contudo, os quatro foram unânimes em reconhecer que a dada altura, a universidade em que se encontravam ficou privada do sinal da Internet e que os residentes de Tripoli deixaram de receber o sinal de televisão da “Al Jazira”, “CNN” e outras que reportavam as manifestações contra o regime de Muhammad Kadafi.
Também referiram que muitos estrangeiros estão a procurar sair da Líbia, o que faz com o aeroporto de Tripoli fique cheio de gente ä procura de voos.
“Nós, por exemplo, tivemos sorte de embarcar num voo organizado pela SADC porque fomos levados para uma base militar”, afirmou, por sua vez, Djabir Taria.
O ministro Balói tinha dito na manha de ontem que “no caso da Líbia, a situação exigia já uma intervenção mais acutilante e mais forte, que se traduzia na evacuação dos nossos cidadãos. Dos vários contactos que vínhamos mantendo conseguimos concretizar a retirada de quatro deles através do voo da SAA. Os outros três preferiram continuar naquele país”, afirmou o ministro em declarações ontem à jornalistas, em Maputo.
Em relação aos três cidadãos nacionais que permanecem na Líbia, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, garantiu que o Executivo continuará a acompanhar a sua situação.
“Temos mantido contactos directos diários com a nossa Embaixada e continuaremos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que não lhes falte apoio caso a situação se venha a deteriorar”, garantiu Oldemiro Baloi.