O CALDO se entornou nos “Mambas”. A pressão que esta semana se exerceu sobre Mart Nooij, após o vexame de domingo passado, frente à Zâmbia, levou o técnico holandês a renunciar ao cargo de seleccionador nacional, facto imediatamente aceite pela Federação Moçambicana de Futebol, que, entretanto, ao fim da tarde de ontem, chegou a acordo com Chiquinho Conde para conduzir a equipa de todos nós até ao final da presente campanha de qualificação para o CAN Gabão/Guiné-Equatorial-2012.
Segundo o clausulado no contrato de trabalho entre Mart Nooij e a FMF, com o beneplácito do Ministério da Juventude e Desportos, se uma das partes o entender e haver matéria que efectivamente o justifique, pode solicitar a rescisão unilateral do vínculo, desde que o faça com uma antecedência mínima de 15 dias. Embora neste caso não tenha sido observada a questão do tempo, a Federação, que na sua reunião semanal de terça-feira também havia equacionado a continuidade, ou não, do “mister”, prontamente anuiu ao seu pedido.
Numa reunião tripartida havida na quarta-feira, envolvendo o Ministério da Juventude e Desportos, Federação Moçambicana de Futebol e Mart Nooij, acompanhado do seu agente, o técnico apresentou, formalmente, a sua renúncia, alegando, entre outros motivos, o mau ambiente existente no seio dos “Mambas”, cujo clímax foi a derrocada face aos zambianos, numa partida em que a nossa selecção esteve muito aquém do seu habitual.
De acordo com a carta-renúncia de Mart Nooij, cuja cópia o “Notícias” teve acesso, em conformidade com o actual estágio da selecção, facto agravado por insanáveis desinteligências entre a sua pessoa e alguns elementos da Direcção da FMF, os quais nunca se conformaram com a sua continuidade à frente dos “Mambas”, outra alternativa não lhe resta senão abandonar o cargo de seleccionador nacional, na “esperança de que Moçambique, com um outro treinador, consiga o seu objectivo de se qualificar para o CAN-2012”.
Perante esta contingência, o presidente da FMF, Faizal Sidat, procedeu como no ano passado, quando a selecção nacional defrontou em Joanesburgo a sua congénere portuguesa, nas vésperas do “Mundial” da África do Sul: foi ao Ferroviário buscar Chiquinho Conde, que durante os próximos sete meses exercerá, cumulativamente, as funções de treinador dos “locomotivas” e de seleccionador nacional.
Segundo Faizal Sidat, é desconfortável ter um treinador repartido entre o seu clube e a selecção, mas, considerando que os “Mambas” apenas têm três jogos para o CAN – na Zâmbia, na Líbia e em Maputo diante das Comores – esta foi a melhor saída, até porque, a trabalhar nestas condições, Chiquinho Conde aceitou auferir um salário inferior ao que Mart Nooij ganhava.
Na sua segunda aparição à frente da selecção, Chiquinho Conde estrear-se-á nos finais deste mês de Abril, na inauguração do Estádio Nacional do Zimpeto, diante de um adversário ainda em estudo entre Ministério e Federação.