A NAMÍBIA acolhe, em Junho próximo, a reunião dos antigos movimentos de libertação a nível da região austral de África. Trata-se de um encontro que, entre outras questões da actualidade, vai passar em revista as relações do passado comum, tendo em vista o futuro.
O facto foi ontem anunciado em Maputo pela secretária-geral da Organização do Povo do Sudoeste Africano (SWAPO), Pandukeni Iivula Ithana, no final das conversações que manteve com o partido Frelimo.
A República da Tanzania, que conquistou a sua independência da Grã-Bretanha em 1960, foi o berço dos movimentos de libertação como a FRELIMO, a ZANU-PF, no poder no Zimbábwe, a ZAPU, da Zâmbia, o ANC, da África do Sul, o MPLA, de Angola, e a SWAPO, da Namíbia.
Pandukeni Ithana afirmou que os antigos movimentos de libertação decidiram realizar este tipo de encontros para analisar as suas relações, bem como o seu futuro desde os anos 90. A secretária-geral da SWAPO descreveu as conversações mantidas com o partido Frelimo na sua sede em Maputo como tendo servido para a troca de experiências entre as duas formações políticas.
“Trocamos experiências com o partido Frelimo sobre o nosso passado comum. Juntos lutamos pelas independências dos nossos países. Muitos dos combatentes da Namíbia partilharam as mesmas bases com a Frelimo”, disse Pandukeni Iivula Ithana, acrescentando que pessoalmente encontrou-se com o falecido Presidente Samora Machel na base de Kongwa, na Tanzania, quando este para lá se havia deslocado para prestar homenagem aos combatentes, em 1976.
Desde aquela altura, afirmou a secretária-geral da SWAPO, Moçambique continuou a prestar a sua ajuda ao povo da Namíbia para a sua independência nacional, bem como a muitos outros países da região.
Por seu turno, o secretário-geral da Frelimo, Filipe Paúnde, que encabeçou a delegação do partido às conversações, destacou também o passado comum entre os dois antigos movimentos de libertação, que lutaram contra a colonização.
“Os dois partidos tiveram o mesmo passado, juntos lutámos contra a colonização, juntos vencemos, ou seja, tivemos os mesmos objectivos de libertarmos os nossos povos. Hoje, independentes, o nosso grande objectivo é lutar contra a pobreza. Depois do colonialismo, o inimigo que temos é a pobreza. Durante as conversações, trocamos informações sobre a organização e funcionamento dos nossos partidos, a estratégia eleitoral e também passados em revista a situação da África Austral e do mundo. Falamos sobre a crise financeira mundial e sobretudo como consolidarmos as nossas relações”, disse, acrescentando que a aposta da Frelimo é também a aposta da SWAPO na Namíbia, que se consubstancia na criação das necessárias condições para o bem-estar dos povos dos dois países, através dos respectivos governos.
O secretário-geral da Frelimo foi convidado a visitar a Namíbia, para onde deverá partir nos próximos tempos.
A Namíbia vai realizar eleições este ano.