A VIDA vai ficando cada vez mais difícil, no Centro de Refugiados de Maratane, em Nampula. A fome, as deficientes condições de saneamento e a falta de medicamentos podem estar a concorrer para as mortes que estão a ser anunciadas, numa média de dois a três óbitos diariamente.
Perante tal cenário, o Governo em coordenação com os seus parceiros de cooperação já está a agir, tendo enviado, quinta-feira, um carregamento extra de produtos alimentares. A ideia é fazer face à situação de emergência que se vive no centro, caracterizada por uma acentuada crise de comida, o que está a ser associado ao registo de casos de óbitos e doenças diarreicas.
Segundo Henrique Banze, Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, que quinta-feira passada visitou aquele local, o actual número de refugiados em Maratane, estimado em mais de 12 mil pessoas e atendendo ao incessante movimento de chegadas faz com que os produtos alimentares não sejam suficientes para todos.
Para além de assegurar o mínimo para os 12 mil que se encontram no centro, o Governo, através do Instituto Nacional de Refugiados, tem que realizar uma ginástica de gestão para garantir a alimentação de outros dois mil refugiados que presentemente se encontram na vizinha província de Cabo Delgado, em trânsito para Maratane.
De acordo com aquele governante, uma outra missão do Governo e do Programa Mundial de Alimentação (PMA), que há dias trabalhou em Maratane para aferir o nível de degradação da situação alimentar, chegou à conclusão de que era urgente o envio do tal reforço alimentar, constituído por arroz, farinha de milho, feijão e óleo alimentar.
Segundo apurámos, nos dias 12 e 14 de Março em curso, o centro viu-se na contingência de não proceder a distribuição do cabaz de produtos alimentares, porque não havia nada para dar às pessoas.
Paralelamente a este processo, foi recomendada à Direcção Provincial da Saúde a necessidade do envio urgente ao centro de Saúde local, de algumas vitaminas para servirem de suplementos alimentares.
Henrique Banze admitiu a crise de escassez de comida e o facto de que o problema poderia eventualmente estar na origem de alguns casos de mortes registadas. Dados disponíveis, mas não confirmados pelo sector da Saúde, indicam que de Janeiro a esta parte terão perdido a vida em Maratane 32 refugiados e requerentes de asilo.
“O que temos que perceber é que estas pessoas vêm de muito longe e chegam aqui muito debilitadas, eventualmente os colegas que gerem o centro não tinham na altura comida suficiente e capaz de suprir as necessidades, por esta ou outra razão associado tenham encontrado a morte, mas nós vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para estarmos à altura dos acontecimentos”- disse Henrique Banze.
Segundo constatámos no local, cada refugiado ou requerente de asilo recebe cerca de meio quilograma de farinha de milho, uma mão de ervilha e óleo alimentar medido o correspondente a duas tampinhas de garrafas de ”Tentação” para cerca de uma semana, quantidade considerada muito insignificante.