No capítulo das exportações, o crescimento mais significativo em 1995 foi o do sector das madeiras. Trata-se da exportação de toros de madeira preciosa, por falta de equipamento para laborar no pais este tipo de madeira de maior dureza. A madeira representou 5,5% das exportações (6,9 milhões de dólares entre Janeiro e Setembro de 95), ultrapassando a percentagem da amêndoa de caju (cf. NM 71). Em 1996, diz o governo, "as licenças de exploração passarão a ser concedidas a quem tiver industria de transformação", para reduzir a exportação de madeira em bruto. O governo também quer encorajar o reflorestamento industrial e comercial pela iniciativa privada. Uma parte das novas árvores será para criar reservas de bio-massa para carvão vegetal. O governo conta, em 1996, introduzir legislação para regulamentar a produção e a exportação deste produto. O preço FOB de carvão vegetal eh de cerca de 62 USD/ton, contra uns 20 USD/ton do carvão mineral. ("Plano económico e social e politica orçamental para 1996").
O outro lado do "comércio florescente de madeiras tropicais" no pais é descrito por Peter Ryan, da Universidade de Cape Town, na revista African Wildlife (vol. 49, Nov/Dez 1995). O autor descreve a "destruição em larga escala de arvores de madeira dura entre a Beira e o rio Zambeze", uma área que era das mais virgens da África Austral. A fiscalização é praticamente inexistente e a única coisa que ainda limita a devastação é a falta de boas estradas de acesso. O desperdício que ocorre é enorme: "por cada arvore cortada, apenas são usados os três ou quatro metros abaixo do primeiro ramo." A exploração madeireira nas florestas costeiras de Sofala "está rapidamente a alterar a estrutura da floresta, afectando o microclima e promovendo a criação de uma camada densa de solos", o que levará à exclusão de certas espécies de pássaros.
Grande parte desta madeira eh exportada para a África do Sul, onde não é preciso autorização para importar madeira de Moçambique e certas madeiras moçambicanas estão a ser vendidas "a menos de metade do preço das mesmas espécies provenientes de outras partes de África". (mediaFAX 9/01)
Notícias de Moçambique – 16.01.1996