Misrata está sob cerco das forças de Khadafi há várias semanas
Um navio enviado pela Organização Internacional para Imigração foi nesta terça-feira impedido de aportar na cidade de Misrata, sob controle dos rebeldes, depois de um bombardeio das forças do general Muamar Khadafi.
Os ataques, que teriam matado três pessoas, impediram a partida de centenas de pessoas, residentes e trabalhadores imigrantes, que tentam escapar da violência na cidade, na costa oeste da Líbia.
A entrega de ajuda humanitária a Misrata, sob cerco há várias semanas, também foi adiada.
O ataque ocorreu apesar dos esforços da Otan para aplicar uma resolução da ONU que visa proteger os civis dos ataques das tropas leais a Khadafi.
Na segunda-feira, um bombardeio aéreo da Otan, na capital, Trípoli, causou grandes danos a edifícios do complexo em que fica a residência de Khadafi.
Os ataques em Trípoli geraram críticas duras do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, que afirmou que a coalizão ocidental que está participando da operação na Líbia não tem direito de matar Khadafi.
Cerco
A cidade de Misrata está sob o controle dos rebeldes, mas permanece cercada pelas forças do governo líbio. Neste período, partes da cidade tiveram interrompido o fornecimento de eletricidade e água.
Os moradores da cidade não conseguem sair de casa para comprar comida e medicamentos, pois os bombardeios, tiroteios e confrontos entre rebeldes e tropas do governo continuam.
Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que mais de mil pessoas foram mortas nos confrontos entre rebeldes e forças do governo e muitas outras ficaram feridas. Navios estão levando os feridos para os hospitais da cidade de Benghazi, no leste, considerada informalmente a capital dos rebeldes.
Segundo o correspondente da BBC em Benghazi, Peter Biles, o mar tem sido a única saída de Misrata, por permite que os moradores deixem a região e que a ajuda possa chegar.
Durante o final de semana, o regime de Khadafi afirmou que tinha suspendido as operações em Misrata e que suas forças tinham recuado em algumas áreas.
O governo nega que esteja bombardeando áreas civis.
A revolta popular contra Khadafi começou em fevereiro, inspirada pela onda de protestos pró-democracia em vários países árabes e que antecederam a queda dos presidentes da Tunísia e do Egito.
BBC – 26.04.2011