De 1994 a 2003 capturava entre 1.500 a 2.400 kg de peixe ao ano, com 20 trabalhadores. No primeiro trimestre deste ano, somou 24 toneladas e empregou 60 trabalhadores. Fica registada a história de um pescador, Arlindo Assuate, cuja área de acção está localizada na localidade de Pangane, em Macomia, a cerca de 260 quilómetros a norte de Pemba, resultante do facto de ter deixado de pescar junto à praia, abraçando o alto mar como palco da sua exploração pesqueira.
Arlindo Assuate tem uma história que ele próprio classifica de simples, pois em 1994 chegou a Pangane, vindo de Pemba para iniciar a actividade pesqueira com uma seriedade mais visível, em relação ao tipo de exploração dos nativos, pois a ideia, desde logo, foi fazê-la em moldes empresariais.
Logo à partida tinha 20 trabalhadores sob sua responsabilidade, mas o resultado anual da produção foi de 1.500 a 2.400 quilogramas ao ano, até que em 2003, adquire uma embarcação motorizada, baptizada com o nome de Geba, em homenagem à região donde é originário, uma aldeia onde se produz sisal do distrito costeiro de Memba, província de Nampula, com a ambição evidente de ir pescar ainda mais longe.
Assuate foi subindo de rendimento e em 2010, consegue do Gabinete de Apoio a Projectos de Investimento um crédito que lhe dá a faculdade de adquirir mais um barco, o Geba-2, que lhe possibilitou, durante todo o ano, capturar pescado na ordem de 16.858 kg, quantidade que lhe rendeu 186.000,00 MT.
“Com o crédito adquiri material de pesca, nomeadamente uma rede de 400 metros de comprimento e 1.150 malhas e motores para equipar as duas embarcações. Descobri que lá no alto mar há muita pescaria”, disse Arlindo Assuate.
Na verdade, conforme o nosso entrevistado, quando abandonou a pesca na costa ficou surpreendido com elevadas quantidades de sardinha, carapau, enxovita e outras espécies, mas, mesmo assim, não obstante o salto qualitativo que deu, ficava triste por não conseguir satisfazer a demanda.
“Trago muito peixe lá do alto-mar, fico contente por conseguir vender todo, porque os comerciantes, aqui no continente, querem mais peixe. Por isso fico ao mesmo tempo triste por não conseguir satisfazê-los”, afirmou Arlindo Assuate com orgulho.
Este pescador, que está a ser “exibido” pelas autoridades ligadas à pesca como o exemplo do que se deve fazer para diminuir a pressão sobre a costa, beneficiou duma visita de estudo e troca de experiências, no âmbito da pesca de mar aberto, em Zanzibar, República da Tanzânia.
- Pedro Nacuo