JOSÉ Eduardo dos Santos, presidente do MPLA, partido no poder em Angola, criticou ontem em Luanda os países industrializados ocidentais por se ingerirem nos assuntos internos dos Estados soberanos com o objectivo de ter o “acesso fácil às matérias-primas”.
O líder do MPLA discursava na abertura do IV Congresso Extraordinário do partido, que ontem teve início em Luanda, tendo como objectivo analisar o grau de execução do programa eleitoral deste partido apresentado em 2008, bem como as estratégias para as eleições legislativas agendadas para 2012.
Segundo José Eduardo dos Santos, aqueles países, utilizando “vários pretextos ou critérios subjectivos” ou uma política selectiva em função dos seus interesses, estão a realizar “intervenções militares condenáveis para condicionar a resolução de problemas internos de outros países soberanos”. “Estas intervenções, diga-se em abono da verdade, só são possíveis em países nos quais as sociedades e os povos estão divididos”, disse o líder do MPLA, completando que o Continente Africano está a ser usado “como campo de ensaio para essa política, cujo objectivo é certamente o acesso fácil às matérias-primas e o ressurgimento do neocolonialismo”, frisou, citado pela agência Lusa.
Depois de enumerar os êxitos alcançados com a paz em 2002, fruto de uma estratégia traçada pelo partido “para normalizar a vida nacional”, José Eduardo dos Santos referiu que o povo tem hoje “dignidade e esperança no futuro”.
No discurso, que se prolongou por cerca de 30 minutos, José Eduardo dos Santos abordou a crise económica e financeira internacional, apontando que esta é uma das causas para o atraso de alguns dos compromissos então assumidos em 2008, salientando que “mesmo assim a essência dos objectivos fundamentais desse programa não ficaram desviados”.
“Existem projectos em curso ou realizados, e a todo instante novos e rigorosos levantamentos vão sendo feitos por dirigentes e técnicos competentes para avaliar novas situações e problemas que surjam”, acrescentou.