A selecção moçambicana de futebol, os “Mambas”, derrotou a sua congénere da Tanzânia por duas bolas a zero, na partida de carácter amistoso disputada na noite de sábado para marcar a inauguração do Estádio Nacional do Zimpeto, a maior infra-estrutura desportiva erguida depois da Independência Nacional.
Os tentos da vitória foram ambos apontados por Jeremias Sitoe, ou simplesmente “Jerry”, na primeira e na segunda metade do encontro.
O golo do primeiro tempo foi fruto de um passe de Carlitos enquanto o tiro apontado no período complementar resultou de um cruzamento de Campira.
Os dois golos dos Mambas, marcados em noite de Páscoa, data em que muitos cristãos católicos viraram neófitos por renascerem com Cristo ressuscitado, durante o baptismo, também conferiram o sacramento ao Estádio Nacional do Zimpeto graças ao triunfo na partida inaugural.
Desta feita, os golos de Jerry, jogador da Liga Muçulmana, ficarão indelevelmente registados nos anais da história da magnífica infra-estrutura desportiva que viu a sua capacidade (42 mil espectadores) desafiada pelos amantes da modalidade que se digiram aquele novo recinto desportivo, para fazer parte da festa.
Na verdade, a tarde e noite de sábado revestem-se de um elevado valor histórico, por ressuscitaram, na memória colectiva, diversos aspectos marcantes do período heróico e de grandes feitos dos Mambas, cuja vitória foi conseguida com uma equipa jovem maioritariamente a evoluir dentro do país.
Aliás, basta referir que no país os jogos disputados com iluminação adequada tiveram lugar nos finais da década de 80, daí que este reencontro com as noites de futebol não deixa de ser motivo de forte entusiasmo.
A tarde baptismal do Estádio Nacional começou com um espectáculo musical cujo cardápio consistiu num misto de artistas moçambicanos das duas gerações, entre eles Wazimbo, Júlia Mwito, Júlia Duarte, Marlene, MC Roger só para citar alguns exemplos.
MC Roger, com o badalado tema “Patrão”, arrancou sucessivos aplausos e gritos ensurdecedores dos espectadores nas bancadas, sobretudo quando a sua imagem (dançando) passava na tela gigante.
Enquanto os artistas moçambicanos desfilavam no grande palco, os pára-quedistas desafiavam as alturas no seu voo arvorando a bandeira nacional, para a felicidade dos milhares de adeptos e convidados que já se encontravam nas bancadas do Estádio aguardando o momento nobre.
Mas porque o sol não parava a sua marcha pachorrenta rumo ao ocaso, Armando Guebuza, inconfundível no seu modelo de gestão rigorosa do tempo, chegou ao Estádio para dar início a histórica cerimónia, acompanhado pela governadora da Cidade de Maputo, Lucília Hama e os membros do governo.
Guebuza descerrou a lápide. Os membros do governo e do corpo diplomático acreditado em Moçambique que o acompanhavam sobretudo da China (construtores do empreendimento) bateram palmas.
O mar de gente dentro do Estádio que acompanhava os acontecimentos no exterior por via da tela gigante, com alta resolução, também exultou de alegria.
A governadora da cidade, o embaixador da China, o Ministro moçambicano da Juventude e Desportos e por fim o Chefe de Estado destacaram, nas suas mensagens, o valor acrescentado que o novo e moderno Estádio Nacional vai conferir ao desenvolvimento do desporto no país.
O fogo-de-artifício foi um verdadeiro show e o mar de gente que desafiava a capacidade máxima do estádio novo transbordava de alegria, dançando animado nas bancadas, soprando as “vuvuzelas” e o sopro ficava mais forte sempre que vissem as suas silhuetas na tela gigante no interior do estádio.
Durante pouco mais de 10 minutos os céus do Estádio Nacional do Zimpeto reluziam em cores que transmitem uma sensação óptica deslumbrante e os adeptos que encheram o estádio ficavam, assim a saber, que a noite de sábado era, na verdade, uma noite de festa não só de Maputo, mas do país inteiro, que recebe um “filho” que vai dinamizar o desporto no país.
No jogo inaugural, os Mambas protagonizaram um espectáculo triunfal ao vencer os “Taifas Stars”, por duas bolas sem resposta, resultado que saciou e abriu as hostes para um final de semana festivo, dada a vitória no baptismo do novo “teatro de operações” da selecção.
No final da primeira metade da partida, houve espaço para os jovens que vão representar o país nos X Jogos Africanos nas provas de atletismo dos 100, 400 e 1500 testassem os níveis de aptidão física antes da maior festa desportiva continental.
No reatamento do encontro os Mambas voltaram a marcar quando estavam decorridos 11 minutos, resultado que viria a permanecer inalterável até ao apito final.
A arbitragem confiada a Simanga Hleko do vizinho Reino da Swazilândia esteve a altura dos acontecimentos.
Mais fogo-de-artifício no cair do pano.
LE/SG
AIM – 24.04.2011