O Plano Económico e Social prevê em 1996 um crescimento do PIB na ordem de 3%. O crescimento será de 5,3% na agricultura, 7,9% na industria e pescas, 5% na construção e 2,8% nos serviços. No sector industrial o maior crescimento eh esperado na produção mineira (por exemplo: grafite 50%, bauxite 30%, ouro 17%). Para promover a exportação, o Governo propõe aumentar a percentagem sobre as receitas de exportação que o exportador pode reter em divisas. (Not. 16/12)
O QUE É QUE CAUSA A ALTA INFLAÇÃO?
Num artigo no mediaFax (29/11), Sven Kuhn von Burgsdorff, conselheiro económico da Comissão Europeia em Moçambique analisa as causas da inflação. A política do governo, centrada na compressão da massa monetária, não resultou. Desde 1990 - com a excepção de 1993 - a expansão monetária esteve abaixo da taxa de inflação. Para 1995 prevê-se um aumento da massa monetária abaixo dos 15%, mas a inflação poderá atingir os 45%. Ao mesmo tempo, enquanto o governo aplica uma politica de austeridade orçamental rigorosa, não parece haver uma correlação entre a compressão das despesas públicas e o comportamento dos preços. Quais os factores que podem explicar o aumento dos preços?
Em primeiro lugar a desvalorização do metical, causada pela desconfiança na estabilidade da moeda nacional e também pelo efeito arrastador do mercado paralelo. Desde 1992, com a excepção de 1994, a desvalorização tem sido igual ou superior à inflação. O impacto da desvalorização é grande por causa da dependência da importação. Um segundo factor eh o fraco controlo do credito gerido pelos bancos comerciais estatais (BCM e BPD). Em 1994 (ano de eleições!) o BCM ultrapassou os limites de créditos acordados com o banco central em cerca de 550 mil milhões de meticais.
Outros factores são a proliferação das moedas estrangeiras fora do controlo do banco central, para a compra de bens e serviços, a alta velocidade de circulação da moeda, causada pela preferência por transacções a curto prazo e a antecipação do aumento de preços pelos comerciantes, por falta de confiança na politica governamental. Alem disso há a especulação de preços a nível do comercio interno - que tem uma natureza essencialmente oligopolista - e a flutuação dos preços causada pela escassez periódica dos bens de consumo e, às vezes, por intervenções oligopolistas. (Este artigo complementa o do "Savana", a que nos referimos no NotMoc 69).
GRANDE PARTE DAS EXPORTACOES NAO É REGISTADA
Um estudo feito pelo Banco Mundial, publicado num documento não oficial "Moçambique: Exportações Perdidas", constata uma diferença enorme entre o volume das exportações registado internamente e o volume que se pode deduzir das estatísticas dos países importadores. Em milhões de dólares os dados são, respectivamente:
1989: 105 208
1990: 126 363
1991: 162 395
1992: 139 266
1993: 132 199
1994: 150 224
Essas exportações não registadas seriam em primeiro lugar produtos pesqueiros. O documento não se refere à exportação de minérios. A solução, de acordo com o estudo, seria uma maior liberalização do comercio, já que a montagem de mais mecanismos de controle contra as exportações ilegais teria o efeito contrario. Quanto às importações, as estimativas moçambicanas parecem bastante correctas. (mediaFAX 30/11)
IMPORTACAO E EXPORTACAO: NUMEROS
Moçambique importou (oficialmente) entre Janeiro e Setembro por um valor de cerca de 600 milhões de dólares, enquanto as exportações eram de apenas 126 milhões. As importações dividem-se em matérias-primas (36%), equipamento (36%) e bens de consumo (28%). Quanto à exportação, ela mantém a sua estrutura tradicional. Alguns dos principais produtos: 44,8% camarão, 10,5% algodão, 5,8% açúcar, 5,5% madeira, 3,3% copra, 4,8% amêndoa de caju, 4,5% castanha de caju em bruto. (Savana 15/12)
Notícias de Moçambique – 03.01.1996