Doze leões foram introduzidos o ano passado na Coutada Nove, no distrito de Macossa, norte da província de Manica, como uma das medidas visando travar a caça furtiva que ameaça a sobrevivência das espécies que habitam naquela área de conservação faunística e de turismo. Pretende-se também como esses felinos, “impor ordem” na coutada, auxiliando os fiscais cuja actividade não tem sido eficaz para conter a caça clandestina.
Os referidos leões, segundo o administrador do distrito de Macossa, Teófilo Mendonça, foram importados do Kruger Park, na África do Sul, pela Save Safaris, uma empresa a quem foi adjudicada a gestão daquela área de conservação, densamente povoada de animais de pequeno e grande porte.
Em declarações ao “Notícias”, Mendonça considera que a presença dos valentes leões, contrariamente ao receio que pairava, não incrementou o conflito Homem-animal, pois segundo ele, desde que os felinos foram introduzidos na coutada, ainda não se reportaram casos de ataques a humanos, tanto no seio dos trabalhadores como das populações que insistem em disputar a área.
A acontecer, de acordo com o administrador, a culpa não recairia para as feras e muito menos para a empresa, pois, na sua óptica, os animais foram postos no seu habitat, considerando provocação a presença humana na coutada.
Minimizou a afirmação segundo a qual ao translocar os leões para aquela área de conservação, estava patente a intenção de proibir as comunidades locais de partilharem os recursos faunísticos aí existentes, reservando-os apenas àqueles carnívoros.
Aliás, alguns círculos de opinião consideram que a medida de colocar leões na coutada peca por parecer intimidatória às populações locais, que defendem terem o direito de usufruir dos recursos naturais existentes que consideram ser legado dos seus antepassados que, entretanto, neste momento estão apenas a beneficiar a empresa concessionária e aos leões.
Dizem que os 20 porcento que as comunidades beneficiam pela sua participação na gestão dos recursos e no âmbito da responsabilidade social da concessionária da coutada são insignificantes, daí que defendem que a partilha dos recursos faunísticos através da caça furtiva ser a opção mais equilibrada, embora reconheçam o perigo que isso representa para a sobrevivência das espécies que ali crescem.
Sobre esta matéria, Mendonça afirmou que os animais foram introduzidos na coutada não apenas para incrementar o turismo na região, como também para garantir o equilíbrio ecológico. Disse ser política do Governo no âmbito do turismo, proteger os animais para servirem de uma fonte de receitas ao Estado, através de uma exploração racional dos recursos e das taxas e impostos inerentes à actividade.
Refutou a alegação segundo a qual a introdução de leões na coutada era intencional para impedir que as pessoas tenham acesso à carne de caça, para além de perigar a vida das populações. Afirmou tratar-se de um repovoamento normal que decorre da necessidade de incremento e diversificação das espécies animais na coutada.
Neste contexto, anunciou a importação para breve de mais de 300 búfalos, no âmbito deste mesmo processo de repovoamento das espécies na Coutada Nove, onde neste momento predominam antílopes, gazelas, cudos e girafas, para além de porcos do mato, javalis, macacos, hienas, entre outras espécies faunísticas.
O administrador do distrito de Macossa disse ainda haver boas relações entre as comunidades e os operadores da coutada, afiançando que, no âmbito deste processo, as próprias populações contribuem na vigilância de caçadores furtivos que, entre outros problemas, são acusados de estarem a colocar dezenas de armadilhas que não só perigam a vida das pessoas, como também de animais selvagens.
Entre outras medidas introduzidas para evitar o conflito Homem-animal e garantir a protecção das espécies em risco, o administrador de Macossa falou da existência de um programa de zoneamento, o qual define os locais para a habitação das pessoas, que não podem estar no interior da coutada e a área de conservação faunística.
- Víctor Machirica