UMA ala considerada moderada no seio da Renamo, composta por antigos generais, alguns deputados da Assembleia da República, membros da Comissão Política Nacional, chefes dos departamentos, ex-delegados políticos provinciais e distritais que lutam contra a falta de democracia no seio desta considerada maior formação política da oposição no país, pronunciou-se contra a realização de manifestações temendo instabilidade no país.
Conforme estava previsto, entre ontem e hoje, a “perdiz” tinha ameaçado organizar marchas em protesto contra o rompimento unilateral do diálogo que vinha travando com a Frelimo sobre a possibilidade de se renegociar o então Acordo Geral de Paz assinado em Roma, na Itália, no dia 4 de Outubro de 1992, cujo teor fora depositado na Assembleia da República e posteriormente integrado na Constituição da República.
Falando numa conferência de imprensa, sábado passado, na Beira, o porta-voz daquele movimento, Vitano Singano, lembrou que experiências anteriores das manifestações mostram que os resultados são imprevisíveis, tal como aconteceu em 2000 para protestar os resultados das eleições gerais e multipartidárias de 1999, e que resultou na morte e prisão de muitos quadros da Renamo, em Montepuez, na província de Cabo Delgado.
Singano que já foi membro da Comissão Política Nacional, chefe do Departamento de Informação em Sofala e coordenador político da Renamo na província de Tete, sublinhou ainda que a direcção deste partido nunca assumiu as suas responsabilidades pelos danos humanos e materiais resultantes dos distúrbios, “havendo até este momento túmulos sem campas, viúvas desamparadas, feridos sem tratamento e deficientes físicos sem meios de locomoção, tudo por causa da tomada de medidas unilaterais e precipitadas do líder deste partido”.
“O senhor Afonso Dhlakama toma medidas sem consenso dos restantes dirigentes do partido, e o exemplo disso é que ele decidiu convocar agora uma manifestação sem agenda clara. Por isso, o nosso líder está a perder o rosto, mas se tivéssemos ganho as eleições de 2009 não haveria, hoje, tais manifestações”- deplorou, apelando todas as forças vivas da sociedade moçambicana a preservar a paz que custou muitas vidas.
Pediu publicamente desculpas por aquilo que considerou de posições emocionais de alguns dirigentes da “perdiz” que contribuem negativamente para instalar um clima de instabilidade no país o que pode agitar a comunidade internacional.
Acrescentou que os antigos guerrilheiros da Renamo devem, acima de tudo, preocupar-se com a fixação das suas pensões de reforma e reintegração social para participar na luta contra a pobreza absoluta que grassa o país. ”Se, de facto, houver problemas o povo deve saber dialogar com as autoridades, mas Dlhakama e sua família nunca foram vítimas das manifestações e por isso é que incitam as pessoas a aderirem e eles a assistirem ás mortes, feridos e destruições de bens sociais e económicos”.
- Horácio João