Editorial
Estamos prestes a entrar no último mês do primeiro semestre de 2011. Altura para algum balanço negativo e positivo.
Pelos números que temos ficamos com a impressão de que algo vai mal na governação e na implementação do Plano Económico e Social (PES) 2011.
É muita coisa por ser feita, ou feita mas sem a perfeição necessária para o bem da população e dos demais residentes da província do Niassa.
Olhemos para a reabilitação de estradas na província: andamos em muitas estradas e vimos chapas de identificação destas obras.
O valor estampado em cada chapa, a natureza do trabalho a realizar, mostram que estamos num período de vacas magras. Os empreiteiros estão nas estradas só para manter o job e acumular prejuízos.
Cem quilómetros de estrada de terra batida podem ser mantidos com um milhão de Meticais por três anos? Este cenário se repete em muitos troços de terra batida desta província.
O povo já reclama que a qualidade das obras é má nas estradas de terra batida na província; mas esse mesmo povo não sabe que o dinheiro dá falta nos Cofres do Estado.
Há muitas bombas de água avariadas, o pior de tudo é que foram construídas no âmbito do ASNANI (Agua e Saneamento para Nampula e Niassa). É dinheiro empatado em vão.
Na agricultura vimos outro filme triste da província. Visitamos uma represa algures em Muembe. De represa só tem nome, pois que a infra-estrutura é de má qualidade e não consegue reter água e ainda não está a servir o propósito da sua construção.
O conflito homem/animal continua nas suas. Há muito elefante a destruir campos agrícolas em Mecualo, Mitomone, Nairubi, Muaquia e por aí em diante.
O tabaco, esse já ficou para a história. Os camponeses deram-lhe uma cartolina vermelha no Planalto de Lichinga.
Agora é só produzir feijão manteiga onde não existe classificação de primeira, segunda, terceira, L1 L2, L3 ou K.
O cliente chega, discute o preço e paga os 300 ou mais Meticais sem danos para o produtor. O povo abriu olhos!
É altura de trazer outro fomentador para haver equilíbrio. Caiu-se no erro do monopólio desta cultura de rendimento.
O comércio transfronteiriço é bom, mas as autoridades do comércio e Governos Distritais não tem os números deste negócio.
As bicicletas continuam a cruzar as fronteiras e postos de travessia em Mtembo, Chala, Luelele, Chissimbir com caixas de Coca-cola, tabaco, milho, feijão manteiga e combustíveis líquidos.
É preciso inverter o cenário, mas também é preciso colocar a pessoa certa no lugar certo! Os distritos possuem dinheiro, mas não tem capacidade técnica suficiente.
Encontramos o Investimento Directo Estrangeiro (IDE) no distrito, mas o Governo Distrital não está na velocidade destes investimentos.
É importante que se pense no que se precisa na província do Niassa, caso contrário continuaremos a reduzir a velocidade ao ritmo de uma pastagem de gado bovino. Recursos existem, mas a sistematização do seu uso é mínima.
Talvez tenhamos que ler os documentos na horizontal ao invés da vertical como é de costume. Os da vertical avançam e os da leitura horizontal ficam estagnados.
Temos dito!
FAÍSCA – 27.05.2011