UMA missão anti-caça furtiva, cuja actividade iniciou em Dezembro do ano passado, levada a cabo pelo Parque Nacional das Quirimbas, através do Departamento de Fiscalização, em colaboração com a PRM de Cabo Delgado, neutralizou esta semana, na aldeia de Maúa, posto administrativo de Bilibiza, distrito de Quissanga, três indivíduos que faziam parte de um grupo de caçadores furtivos procurados por aquela instituição gestora daquela área de conservação, segundo confirmou-nos fonte do respectivo departamento de comunicação.
Os três considerados cabecilhas do grupo estão a contas com a Polícia, encontrando-se detidos na cadeia de máxima segurança, na cidade de Pemba, onde prosseguem as investigações sobre os meandros criminais por si palmilhados.
Segundo Eusébio Celestino, chefe do departamento de comunicação do Parque Nacional das Quirimbas, trata-se de Jorge Salimo, de 40 anos de idade, natural da sede do distrito setentrional de Palma, residente no bairro de Cariacó, na cidade de Pemba, António Amisse, de 48 anos de idade, natural de Moja, em Bilibiza, no distrito de Quissanga, e Bento Aníbal, de 20 anos de idade, natural de Nipataco, distrito de Ancuabe.
No local da neutralização, segundo a fonte, foram apreendidas 106 munições de AK-47, supostamente usadas para o abate desenfreado de elefantes naquela área do Parque Nacional das Quirimbas e 104.114,00Mts em dinheiro, que se pensa provenha da venda de marfim e que funciona como fundo para o pagamento de colaboradores do grupo.
Foram ainda encontrados documentos de identificação dos caçadores, um cartão de desmobilização militar da ONUMOZ, pertencente ao suposto chefe do grupo que responde pelo nome de Luís Assima, natural de Niassa, e cartão de eleitor do chefe adjunto de nome Manuel Kuchupa, natural de Negomano, distrito de Mueda.
Estes dois últimos não foram encontrados pela equipa conjunta do PNQ e policial, por terem saído um dia antes da operação, segundo se sustenta, em mais uma missão da prática da caça furtiva de elefantes com três armas do tipo AK-47, não se sabendo a zona aonde terão ido operar.
Vicente Muarapelele, chefe de aldeia de Maúa, após a neutralização dos caçadores, é citado como tendo dito que no dia anterior haviam abatido um elefante nas margens do rio Montepuez, para além de três abatidos na semana passada entre as aldeias de Mingonha e Moja, ao longo do mesmo curso de água e outros ainda mortos pelos mesmos, longe das comunidades.
Muarapelele terá dito ainda que sabia da presença dos caçadores furtivos na sua área de influência, mas esperava a reacção do Governo apesar de não ter reportado o caso ao posto administrativo de Bilibiza e nem ao distrito de Quissanga.
José Dias dos Santos Mohamede, administrador do Parque Nacional das Quirimbas, mostra-se agastado com a situação de caça furtiva ao notarem-se casos de envolvimento de alguns líderes comunitários, deixando-se aliciar pelo pagamento em valores monetários que rondam entre seis a oito mil meticais por semana, em troca de sigilo pela caça na sua área e pagamento de acompanhantes para o carregamento de troféus após o abate de elefantes.
Num outro desenvolvimento, Dias disse que o uso de AK-47 não é viável para o abate de elefantes, pelo se que acredita que estejam a ser simplesmente feridos provocando mais ira nos paquidermes, o que pode influenciar o aumento de elefantes problemáticos no Parque Nacional das Quirimbas.
José Dias encoraja a PRM a prosseguir com as investigações sobre o paradeiro dos dois supostos chefes da quadrilha e que se descubra a proveniência das três armas usadas para abate de elefantes, uma vez que AKM é uma arma concebida para guerra e que se identifique o potencial mercado da venda dos troféus.
O Parque Nacional das Quirimbas localiza-se nos seis distritos centrais da província de Cabo Delgado e envolve uma área de aproximadamente 7.506 quilómetros quadrados, sendo 5.984 no continente e os restantes 1.522 quilómetros quadrados são habitats costeiros e marinhos.
- Pedro Nacuo