A chefe do posto administrativo de Namanhumbir, Anastácia Patrício, manifesta-se contrariada pelo facto de estar a assistir a muito assédio a estrangeiros por parte de muitas moçambicanas sem que, no entanto, nas suas relações se preocupem com os meios de defesa face às doenças de transmissão sexual, incluindo o HIV/SIDA.
São forasteiros que escalam aquele ponto da província de Cabo Delgado à procura de rubi, um minério que começou a ser explorado no ano passado.
Um recenseamento recente de estrangeiros a viverem em Montepuez apontava para a existência de 120 estrangeiros em apenas quatro aldeias, maior parte dos quais foram ali parar por causa do rubi de Namanhumbir, ocupando hotéis e pensões da segunda cidade de Cabo Delgado, situada há cerca de 200 quilómetros. Como forma de permitir que estejam mais próximos do local da ocorrência daquele minério acamparam as aldeias Nanhupo A e B e Nsewe e Chimoio, as primeiras duas situadas a cinco quilómetros de Namanhumbir.
A chefe do posto administrativo de Namanhumbir acredita que os dados obtidos no recenseamento feito pelas autoridades administrativas locais, em colaboração com a Polícia ao nível do distrito de Montepuez, não correspondem ao número real de estrangeiros registados. Anastácia Patrício afirma ter sinais de que alguma liderança local não colaborou a contento contra o cenário que parece indicar haver mais estrangeiros do que a cifra encontrada.
Nanhupo está prenhe de viaturas com chapas de matrícula estrangeiras. Na aldeia quase não se fala a língua portuguesa, porque todo o negócio é feito nos idiomas de outras paragens, onde predomina o Swahili.
O movimento de vaivém em Nanhupo é intenso, desde as casas no interior da aldeia, alugadas a estrangeiros a valores competitivos, até à estrada principal que liga Montepuez à cidade de Pemba, permanentemente ocupada por multidões ávidas de tudo, mas principalmente do negócio do rubi.
Infra-estruturas precárias de restauração nasceram aos montes e com elas os hábitos alimentares da região foram substituídos pelos tanzanianos, principalmente. Na cidade de Montepuez a predominância é de tailandeses e outros cidadãos asiáticos.
São os estrangeiros que criam as redes de exploração ilegal do rubi, na área da Mwiriti, Lda, cujos tentáculos vão desde a extracção nocturna à transacção às escondidas, desembocando no tráfico através dos aeroportos e outras vias para seguirem caminho em direcção aos mercados previamente localizados, sobretudo em Hong-Kong.
Para toda essa gente, na opinião de Anastácia Patrício, não vê a agressividade em relação à procura de meios de prevenção e combate às doenças de transmissão sexual, porque, tal como disse, para além do mineiro, outros conflitos colaterais se agigantam.
“Ao nível da convivência social, tendo como base a origem dos estrangeiros, maior parte deles, principalmente os nossos vizinhos da República da Tanzania, consumidores de drogas, que lhes conduzem a agressões físicas entre si e com uma actividade sexual intensa, eu não sei daqui a cinco anos quantas pessoas teremos aqui seropositivas”, disse a chefe do posto administrativo de Namanhumbir.
Anastácia Patrício explica que os estrangeiros são de ambos os sexos, sendo que os problemas conjugais criados pelo ambiente prevalecente são aos montes e a nossa entrevistada pensa que, pelas contas que faz, há poucos preservativos a serem efectivamente usados.
“Por isso, há toda a necessidade de disseminar mensagens de prevenção para que as pessoas adiram ao uso de meios apropriados, assim como estamos a fazer tudo para que haja a consciência de fazer testes, bem como teremos que incentivar a presença da Geração Biz no nosso posto administrativo”, disse aquela dirigente.
Por seu turno, o comandante da Polícia da República de Moçambique em Namanhumbir, acabado de vir transferido de Nairoto, Severiano Atuia, confirmou-nos que as agressões físicas são o pão de cada dia no posto, em resultado do consumo excessivo do álcool. Diariamente, segundo a fonte, entre seis e sete casos de crimes deste grupo são reportados às autoridades.
- Pedro Nacuo