Zimbabwe
Uma análise aos cadernos eleitorais do Zimbabwe, realizada pelo Instituto das Relações Raciais da África do Sul (SAIRR), revelou que havia mais de 2,5 milhões de eleitores fantasmas nos cadernos eleitorais daquele país em Outubro de 2010.
O autor do relatório, o Professor R. W. Johnson, disse que será necessário realizar um novo recenseamento eleitoral antes que eleições sejam realizadas no Zimbabwe.
No relatório, Johnson diz que a população do Zimbabwe era de cerca de 10 milhões de habitantes em 2008, considerando que cerca de quatro milhões de pessoas abandonaram o país como consequência da deterioração das condições de vida e da repressão movida pelo regime de Robert Mugabe contra elementos da oposição desde 2000. O relatório diz que dos 10 milhões de habitantes, 40% tinham mais de 18 anos de idade.
“Isso deixa-nos ainda com um máximo de cerca de 3,2 milhões de eleitores, muito embora o número real possa ser menos do que isso. Isto significa que do número de 5 727 902 eleitores registados para as eleições de 2008 havia mais de 2,5 milhões de eleitores fictícios”, diz o relatório.
Johnson diz que a menos que um novo recenseamento seja realizado não será possível a realização de eleições credíveis e democraticamente aceitáveis no Zimbabwe.
Apesar das etapas estipuladas no acordo do governo de unidade não estarem concluídas e se duvidar que venham a serem concluídas ainda este ano, o Presidente Mugabe vinha insistindo que novas eleições deveriam ter lugar até Dezembro de 2011.
Contudo, a cimeira da SADC, realizada no último fim de semana em Sandton, perto de Joanesburgo, decidiu que as eleições só serão realizadas no próximo ano.
As eleições só poderão ser credíveis, disse Johnson, “desde que a Comissão Eleitoral (ZEC) seja reconstituída sem nenhum dos actuais membros, seja nomeado um novo Director Geral de Registos e Notariados, e que um novo órgão imparcial e internacional seja nomeado para realizar o recenseamento eleitoral biométrico”.
De acordo com o relatório, os cadernos eleitorais contêm maior número de pessoas com mais de 100 anos de idade do que no Reino Unido, que tem uma população cerca de cinco vezes maior que a do Zimbabwe. “No total, os cadernos eleitorais indicam não menos de 41 119 eleitores com idade acima dos 100 anos. Este número é impossível. O Reino Unido, com uma população de mais de 60 milhões de habitantes e uma média de esperança de vida acima de 30 anos do que no Zimbabwe, possui apenas 10 000 cidadãos acima dos 100 anos de idade”, diz o relatório.
O relatório questiona também a autenticidade de 4 368 novos eleitores registados com a idade de 90 anos. Diz ser incrível que para um país com uma média de esperança de vida de 44,8 anos consiga ter nos cadernos eleitorais um total de 132 540 pessoas com mais de 90 anos de idade.
“O facto de novos centegenários se encontrarem entre os eleitores que foram adicionados aos cadernos eleitorais em Outubro de 2010 sugere que alguns (talvez muitos) destes eleitores anciãos nunca chegaram a existir”.
Johnson suspeita que o Director Geral dos Registos e Notariados tenha estado envolvido neste esquema, uma vez que cabe ao seu departamento preparar a lista de eleitores.
“Não há menos do que 16 828 eleitores registados com a mesma data de nascimento, que é 1 de Janeiro de 1910. Pode-se argmentar que o enumerador simplesmente decidiu dar esta data a todos os anciãos cujas idades duvidasse, muito embora isso já em si sugira um nível impermissível de intervenção oficial no processo de registo”, diz o relatório.
Savana – 17.06.2011