QUARENTA e três pessoas foram mortas durante o ano passado por animais bravios em várias comunidades do distrito de Mágoè, nordeste da província de Tete, agudizando, deste modo, o conflito entre o Homem e a fauna bravia.
Domingos Macamo, administrador daquela região da província de Tete, disse ao nosso Jornal que a maioria das pessoas foi atacada por elefantes, leões e crocodilos, situação que deixa o Governo preocupado devido ao elevado índice de casos de morte nas comunidades provocado por animais bravios que, na calada da noite, invadem as zonas habitacionais à procura de pasto.
“Os elefantes estão a constituir os maiores invasores das aldeias, atacando pessoas e destruindo celeiros com produtos alimentícios. Devido à estiagem durante a campanha agrícola finda, o distrito não teve pasto suficiente em termos de capim e ervas para alimentação destes paquidermes, e a única saída foi assaltar os celeiros nas comunidades”, disse Domingos Macamo.
O administrador de Mágoé disse ainda que o programa Tchuma Tchato, envolvendo as comunidades para a preservação e conservação de recursos faunísticos, não dispõe de capacidade para controlar e estancar a avalancha dos animais no interior das comunidades.
“Durante o ano passado houve um incremento de casos de ataques de animais bravios em 11 porcento e 6.6 porcento de pessoas mortas. No total foram mortas 43 pessoas, das quais 11 ocorreram entre Mussenguedzi e Chinthopo. O Governo local não tem meios materiais para estancar este problema”, disse o administrador de Mágoé, Domingos Macamo.
Macamo revelou ainda que o processo de atribuição de armas de fogo para afugentar os animais bravios que originam o conflito está a causar outros problemas no seio das comunidades, pois, nalguns casos, em vez de usar aqueles meios para minimizar a situação, usam-nas para resolver brigas pessoais.
Foi deste modo, que em Fevereiro último, uma pessoa foi morta na localidade de Luia, atingida por uma bala disparada por uma das pessoas que fora atribuída uma arma para afugentar animais bravios depois de um desentendimento devido a outros factores.
O administrador distrital de Mágoé apontou ainda que o conflito Homem/fauna bravia está aliado à caça furtiva que é praticada um pouco por todo o distrito, principalmente ao longo da linha fronteiriça que separa Moçambique do vizinho Zimbabwe, uma situação que tem provocado a movimentação constante de animais do seu “habitat” para próximo das comunidades.- Bernardo Carlos