Conheça aqui a sua biografia, por J.C. Abreu dos Santos:
Sobre esta biografia de Manuel Alegre recebi, agora, a seguinte informação complementar que publico com todo o gosto:
Esta correcção deve-se a repôr a verdade sobre um episódio narrado em: http://macua.blogs.com/files/o_poetastro_.pdf
Sou o filho do Cmdt. Augusto Henrique Metzener e este episódio foi-me contado pelo meu pai após ler esta "fábula" num livro que se intitula: "Grandes temas da nossa história - A guerra de Africa - Volume II" do círculo de leitores, que pelo que vi no blog, será a mesma fonte. Tenho este livro em casa, inclusivé com as notas à margem escritas pelo meu Pai. (pág. 688)
Antes de mais convém salientar que segundo o meu pai, o mesmo só conheceu o Maj. Ervedosa no próprio dia da conversa.
Para melhor se perceber toda a situação, convém referir que nem uma semana antes, o meu pai havia estado num jantar com outros oficiais e respectivas esposas, onde as mesmas começaram a falar de teatro. Nessa altura, o cmdt. Metzener pediu que se mudasse de assunto, pois o mesmo era-lhe totalmente estranho, sendo inclusivamente incomodativo, pois tratava-se de uma arte que o mesmo não gostava.
Posto isto chega-se ao dia da conversa, altura em que o Maj. Ervedosa surje na messe de oficiais a pedir para falar com o cmdt. Metzener. Enquanto o segundo se arranjava, passaram pelo primeiro alguns dos oficiais que haviam estado presentes no tal jantar. Achando estranha a presença de um oficial miliciano da força aérea naquele lugar, interpelaram-no sobre o motivo que o levava ali, ao que o mesmo respondeu que ali se encontrava para falar com o meu pai.
(Até aqui tudo relativamente normal, mas é precisamente neste momento que se começa a perceber o final deste episódio.)
Achando ainda mais estranho o contacto entre os dois, pois de facto não só não eram amigos, como não se conheciam, perguntaram ao Maj. Ervedosa o motivo do contacto. Acontece que o dito Major era grande apreciador de teatro e a primeira resposta que lhe veio à cabeça foi a de que eram "umas coisas sobre teatro". Claro está que os interlocutores largaram umas gargalhadas e seguiram o seu caminho.
Entretanto o meu pai lá desceu e após os cordiais cumprimentos o Major começou a conversa aproximadamente nestes moldes;
"O sr. comandante sabe, começa a haver alguma agitação contra a guerra e alguns oficiais andam descontentes, já criaram um movimento e tudo e a sua unidade tem andado a ser observada, tendo sido considerada uma do TOP 5, tendo-lhe sido incumbida uma missão de descabeceamento"
Nesta altura, o meu pai, não achando muita piada à conversa, perguntou-lhe;
"Oh sr. Major, o que é que o sr. está para aí a dizer? O que é isso do descabeceamento?"
Tendo o Major respondido que a missão de descabeceamento, era nem mais nem menos a de matar o almirante, que se não estou em erro era o Almirante Mexia Salema. (Mas o nome do almirante não importa nesta história.)
Nesta altura, segundo palavras do próprio, o meu pai ficou perplexo e abananado sem quase saber o que dizer, tendo-lhe respondido o seguinte;
"Oh Ervedosa, você não deve estar bom da cabeça nem saber com quem é que está a falar! Não bastando o juramento que fiz e isso que me está a dizer ser traição, acontece que o almirante é muito amigo do meu pai (Cmdt. Eduardo Augusto da Costa Cabral Metzener) e andou comigo ao colo. Como é óbvio, não vou matar o senhor e sinto-me na obrigação moral de avisar o homem que o querem matar. Imagine que acontece alguma coisa, nunca me iria perdoar! Mas fique descansado que por uma questão de camaradagem dou-lhe a minha palavra em como não direi o seu nome.
Dito isto o Major muito aflito foi-se embora e o meu pai obviamente foi a "correr" avisar o Sr. Almirante de que o queriam matar.
Ao falar com o almirante, o mesmo perguntou-lhe quem havia falado com o meu pai, ao que o mesmo respondeu;
"Sr. Almirante, peço desculpa, mas dei a minha palavra em como não denunciava a pessoa, apenas me senti no dever de o avisar pois não quero que nada lhe aconteça"
Segundo o meu pai, a resposta do almirante terá sido:
"Sim sr. muito obrigado e respeito a tua posição, podes ir"
Obviamente que o almirante accionou os meios de que dispunha para descobrir a patranha e a primeira coisa que fizeram foi interrogar as pessoas que haviam tido contacto com o meu pai nos últimos tempos. Interrogatório para cá, interrogatório para lá, acabou por se descobrir toda a situação pelas "coisas de teatro". Ao ser apanhado e interrogado, o major acabou por confessar.
Serve o presente e-mail para de alguma forma corrigir ou tentar, a permanente tentativa de denegrir a imagem daqueles que eram verdadeiros à sua palavra, conhecedores e cumpridores do desígnio que é a honra! Neste caso foi o meu pai o visado, mas como ele há muitos que sofrem o mesmo mal!
Os melhores cumprimentos
Eduardo Metzener