Como em diversos sectores, também na área da medicina a comunidade portuguesa tem elementos de grande valor na África do Sul, que não só a prestigiam neste país, como a projectam com grande destaque no estrangeiro.
Referimo-nos hoje a Maria Antónia CocciaPortugal, médica de craveira internacional, natural de Lourenço Marques, hoje Maputo, onde nasceu a 30 de Janeiro de 1948 e fez na sua juventude toda a vida estudantil, frequentando no ensino primário e secundário o Colégio António Barroso e o Liceu Salazar, após o que iniciou em 1966 o curso médico-cirúrgico na universidade daquela ex-província ultramarina portuguesa, o qual veio a terminar em 1973.
No ano seguinte, com o posto interino do segundo ano que acumulava com o de assistente no serviço de medicina do Hospital Universitário daquela mesma cidade, começou a despertar-lhe a atenção pelas doenças de origem cancerosa.
Em férias de 1974, utilizando então o passaporte de estudante e a título de visita, veio para a África do Sul, e domiciliando-se em Pretória, cidade em que sempre tem residido, iniciou a sua actividade nos primeiros quatro meses no Kalafong Hospital, após o que se transferiu, isto em Junho de 1975, para o departamento de oncologia do Hospital H. F. Verwoerd, onde na secção designada por Medical Oncology, foi responsável pelo tratamento dessas doenças, com mais interesse nos conhecidos “cancro da mama”, gânglios e leucemias agudas, sob direcção do dr. G. Falkon, uma das maiores autoridades mundiais daquela matéria.
Iniciando ali a sua carreira como “sénior house doctor, no Department of Internal Medicine”, foi posteriormente promovida às categorias de “sénior house doctor, Department of Câncer Chemotherapy, e clinical assistente medical officer/lecturer”, chegando a “sénior medical officer/sénior lecturer, do Department of Medical Onco-logy”, passando com isso e provada a sua capacidade, a dar aulas nessa matéria, de que era especializada, na Tukkies University.
Com bolsa de estudo dessa universidade (e a propósito recordamos que já em Moçambique beneficiara de duas outras concedidas pelos Estudos Gerais Universitários, e Senado Universitário), participou até 1994 em que se manteve no H. F. Vewrwoerd Hospital, em vários congressos internacionais, como:
* Câncer and Acute Leukemia grupo “B”, em Nova Iorque, e Eastern Cooperative Oncology Group, em Chicago, na América;
* XII International Câncer Congress, em Buenos Aires, Argentina, e Câncer and Acute Leukemia, em New York, da América;
* American Cancer Society; e National Conference on Breast Câncer;
* Eastern Cooperative Oncology Group, em Buffalo, com visita à Universidade de Wisconsin Clinical Cancer, Madison, nos Estados Unidos da América;
* XV International Câncer Congress em Budapest, na Hungria, com visita ao Ins-titute Nazionale per lo studio e la cura del tumory, em Milão – Itália; e
* II International Symposium on Acute Leukemias, prognostic factors and treatment strategies, em Munster – República Federal Alemã.
Regista-se que tanto nesses, como em muitos outros congressos e conferências em que posteriormente Maria Antónia Coccia-Portugal periodicamente tem participado, definem toda a competência e aptidão desta nossa compatriota, na verdade só possível de pessoa com grande valor, e senão vejamos:
O Instituto Nacional do Cancro, na América, ao organizar o Congresso Universal de Oncologia, em Nova Iorque, convidou todos os países do mundo para nele se fazerem representar, exigindo para o efeito, habilitações e outros factores indicados através do “curriculum-vitae” aos médicos concorrentes. Depois de analisada essa documentação seria posteriormente dado conhecimento aos inúmeros candidatos das respectivas conclusões.
No respeitante à África do Sul, coube por escolha, à dra. Coccia-Portugal, a honrosa estar presente naquele importante congresso, prova evidente da competência que já nessa altura era atribuída a esta médica portuguesa.
Com os conhecimentos adquiridos, aliados à sua grande força de vontade em ir cada vez mais além, o que lhe permite estar devidamente actualizada sobre doenças cancerosas, e suas origens, particularmente no combate ao cancro da mama, a dra. Coccia-Portugal, referiu à reportagem do jornal “O Século”, quando recentemente entrevistada pelo nosso correspondente na capital sul-africana, no seu consultório em 379 de Queens Crescent Street, de Lynnwood – Pretoria, que apesar de ter deixado em 1994 o hospital H.Verwoerd, continua ligada à parte de investigação de estudos clínicos com drogas novas não comercializadas na África do Sul, e fundamental passar a notícia do conhecimento que estão a ter de células cancerosas.
Há vinte anos atrás, prosseguiu esta médica, os cancros da mama, do pulmão e do colón, eram todos tratados da mesma maneira, agora tentamos individualizar os tratamentos, consoante as suas características, de maneira a não deixar sequelas permanentes aos doentes.
Temos actualmente drogas que atacam exactamente o que está errado nas células cancerosas, sobre os factores de crescimento, não causando tanto a queda do cabelo, e combatendo de forma eficaz o que está errado no paciente que contraiu essa doença.
Com a primeira conferência europeia em 1998, manda-mos mensagem ao mundo, que por exemplo em senhoras com diagnóstico de cancro da mama, o primeiro tratamento não implica necessariamente remover na sua totalidade, o seio afectado.
Desde essa altura até ao presente, ou seja nos últimos dez anos, a dra. Coccia-Portugal participou em mais de vinte conferências internacionais relacionadas com o cancro da mama, dizendo-se muito orgulhosa do grupo que consigo trabalha, um radiologista e dois cirurgiões, pelos bons resultados apresentados no congresso de Milão, considerado um dos melhores centros do mundo do cancro da mama.
Referindo serem antes os cancros tratados em conjunto, e agora cada doente recebe tratamento individual, a especialista portuguesa salientou: O chamado tiro ao alvo nestas doenças, consiste em drogas novas com características destinadas a atingir apenas o que está errado na célula cancerosa, e melhorar não só a quantidade, mas a qualidade de vida, daí fundamental que um doente diagnosticado com cancro, seja visto por equipa especializada nestas doenças.
Com os avanços na medicina, temos mais conhecimento e maneira de combater o cancro, podendo os tumores do peito diminuir o tamanho de 80%, e a possibilidade de conservar o seio, estando ultrapassado o sistema de tratar todo o tumor da mesma maneira.
Referindo começarem no combate a tumores altamente malignos com as drogas adequadas, em conjunto com a quimioterapia, de que têm tido excelentes resultados, e que o cancro da mama, o colesterol alto ou diabético é doença metabólica, e muito tem a ver com a alimentação e falta de exercícios, desprezando-se muitas vezes o melhor que podemos comer, como são a fruta e os vegetais condignos, a dra. Coccia-Portugal aconselha as senhoras a fazer um “monograma” anual como diagnóstico precoce do cancro da mama, a pequenas alterações que apareçam no corpo, e como investigadora do “breast” internacional, grupo especializado no combate ao cancro da mama, procurando estar cada vez mais actualizada em tudo o que relaciona com essa doença, marcou recentemente presença no congresso internacional europeu dessa doença, realizado em Barcelona.
Distinguida em 1982 com o diploma de “Os 10 Mais da Comunidade”, ser por diversas vezes referida na TV e imprensa sul-africana, destacando o importante papel por si desempenhado na parte médica, com mais de 50 publicações nacionais e internacionais na matéria de que é especializada, a dra. Coccia-Portugal, uma apoiante incontestável da Liga da Mulher Portuguesa na África do Sul, casada com o dr. Giancarlo Coccia, jornalista correspondente para a África Austral de credenciado jornal italiano editado em Milão, é uma figura através da sua competência conhecida e respeitada hoje por todo o mundo da medicina, e se traduz em prestígio para a comunidade portuguesa, que bem se pode orgulhar desta sua compatriota.
O SÉCULO DE JOANESBURGO – 07.06.2010