A sala do Museu da Cidade, nº 245 em Campo Grande foi pequena para receber mais de uma centena de leitores e, não só, que correram atrás do autógrafo do autor no 1º livro de Pinto da Costa, lançado no final da tarde desta 5ª feira, 2 de Junho, na capital portuguesa.
As palavras introdutórias do lançamento da “Terra Firme” foram oferecidas ao público pelo administrador das Edições Afrontamento, o senhor José Ribeiro, que numa súmula agradeceu ao actor do livro pela preferência da editora para lançar a sua primeira obra em letras.
Recordou que as questões africanas, desde a primeira hora, fizeram parte da agenda da casa que comemora neste ano a sua boda de ouro, ou seja, cinquenta anos de publicação. Nas suas palavras de agradecimentos, esse responsável da editora do Porto deixou o seu testemunho quanto a hospitalidade do Museu da Cidade na recepção da importante actividade que cumpriu a sua programação em Lisboa.
O General Ramalho Eanes, o 1º Presidente de Portugal democrático, o prefaciador e apresentador da “Terra Firme” iniciou o seu longo discurso com uma pequena biografia do filho e cidadão são-tomense, Pinto da Costa, recordando o seu papel unificador na luta de libertação nacional, da sua intervenção na unidade do país independente e na escolha da democracia em resposta aos novos momentos que visavam a melhor via para o país fazer frente aos desafios do desenvolvimento.
Disse na sua intervenção de que os países modernos sofrem de uma doença muito grave que é o desaparecimento da política. A democracia não é uma forma de Governo, mas sim um fim das sociedades modernas. A política é mais importante na vida das sociedades, mas o que acontece frequentemente e na era da globalização, é que a economia ocupa todos
os passos da democracia. E rematou na sua caracterização do sistema democrático, é que quando a economia ocupa o lugar da política a sociedade entra em convulsão.
O 1º Presidente de Portugal democrático e consequentemente o 1º Presidente português a visitar São Tomé e Príncipe independente disse também que o livro “Terra Firme” é um manual de política com apelo a cidadania. Enfatizou aos presentes que jamais devem desvalorizar o lugar de São Tomé e Príncipe no Concerto das Nações como o primeiro país africano a mudar do regime ditatorial ao multipartidário num processo conduzido com coragem, capacidade de liderança e sensatez do líder da independência, algo inimaginável na altura pelos detentores do poder no continente negro.
O autor da “Terra Firme” que dedicou o livro a memória da sua mãe, iniciou a sua alocução com os agradecimentos a editora e aos presentes, alguns Embaixadores da lusofonia que honraram com a presença no Museu da Cidade, o Doutor Jorge Miranda, pai da constituição democrática são-tomense, a representação da Câmara Municipal de Lisboa e o público, dentre intelectuais, estudantes universitários, individualidades portuguesas e vários outros quadrantes da diáspora são-tomense do campo musical, artístico, moda e cultural de forma abrangente e sobretudo, muitos leitores, jovens, mais velhos e curiosos que esgotaram os livros a disposição do
público. Carlos Garça, o intocável nacionalista e fundador da nação santomense esteve na primeira fila do lançamento da “Terra Firme” no Museu da Cidade.
Num curto discurso Pinto da Costa disse que a “Terra Firme” é uma janela aberta para a alma de quem a escreveu, daí que, preferia falar com emoção do que a razão. O livro é um conjunto de reflexões para partilhar e um compromisso do futuro com que o vincula com cada leitor. Pretende assim contribuir para que as decisões resultem de um debate de ideais a partir daí em consciência de escolha.
Pinto da Costa referiu ainda que a disponibilidade de serviço a pátria é uma missão que todos têm de trilhar, apelando para isso a coligação de vontades para que todos possam vencer na mudança. Terminou a sua intervenção convidando os são-tomenses a libertar o passado, resolver o presente e estruturar o futuro de São Tomé e Príncipe de mãos dadas e feliz para todos.
Fontes junto a Pinto da Costa, 1º Presidente do país independente confirmaram que o lançamento oficial da “Terra Firme” no solo firme e seguro de São Tomé e Príncipe terá lugar na próxima semana na capital das ilhas pelo seu autor que mantém o sonho de um dia ver as ilhas a dar o gosto de viver a todos sem exclusão ou discriminação social.
“Este não é nem pretende ser um livro de memórias. Muito menos um acerto de contas com o passado. É isso sim, o compromisso de honra de alguém que lutou por um ideal e o concretizou: São Tomé e Príncipe, uma nação livre e independente. Esse compromisso é com o presente e com o futuro e com todos e cada um dos santomenses.” Nota introdutória de Pinto da Costa na “Terra Firme”.
José Maria Cardoso
Tela Non - 3 Junho 2011