O governo provincial de Tete abateu, durante o ano passado, 170 animais selvagens, entre crocodilos, elefantes e hipopótamos, em 10 dos 13 distritos da província, exceptuando Macanga, Angónia e Tsangano, no âmbito da minimização dos efeitos causados pelo conflito Homem/fauna bravia.
O chefe dos Serviços de Florestas e Fauna Bravia na Direcção Provincial da Agricultura, em Tete, Cadre Zacarias, disse que, durante o ano passado, pelo menos 62 pessoas foram mortas e 51 ficaram feridas no conflito Homem/fauna bravia, para além da destruição de 854 hectares de culturas diversas.
Para mitigar o impacto deste fenómeno, o Governo provincial tomou algumas medidas, com maior destaque para a abertura de 83 furos para o abastecimento de água potável, com prioridade nas zonas próximas dos grandes rios. Tal medida visa, fundamentalmente, reduzir o número de pessoas que usam directamente a água dos rios no seu dia-a-dia.
Em todos os distritos atravessados pelo rio Zambeze, segundo o nosso entrevistado, foram recolhidos mais de 20 mil ovos de crocodilos por empresas licenciadas e autorizadas com vista a diminuir a multiplicação daqueles répteis, ao mesmo tempo que se procedeu à aquisição de uma embarcação para realizar o abate controlado daqueles animais.
“Já arrancámos com o plano de colocação de placas de sinalização nas zonas de passagem frequente de elefantes e presença de crocodilos e hipopótamos. Estamos, igualmente, a sensibilizar e incentivar a população para abrir machambas em bloco, para facilitar o controlo pelos fiscais e evitar fazer machambas e residências nos corredores dos elefantes e cercar as áreas de produção com chá príncipe (vulgo chá balacate) para afugentar os hipopótamos”, disse Cadre Zacarias.
Esforços estão sendo envidados pelo Governo provincial para a aquisição de viaturas para apoiar as equipas de fiscais que estão a trabalhar em condições difíceis para o controlo da circulação de animais selvagens conflituosos nos distritos de Zumbu e Mutarara, onde os crocodilos protagonizam ataques mortíferos às populações que se deslocam ao Zambeze à busca de água para o seu consumo.
O nosso entrevistado revelou ainda que o Governo pretende, num futuro muito próximo, instalar um parque nacional como uma das medidas visando proteger e conservar a fauna bravia e combater a caça furtiva e queimadas descontroladas, que propiciam o conflito Homem/fauna bravia.
- Bernardo Carlos