O ANC, partido no poder na África do Sul, reagiu ontem às críticas feitas pelo analista político, empresário e irmão do ex-presidente Thabo Mbeki, chamando-lhe “desrespeitador e “dissimulado”, segundo noticiou a agência Lusa.
Numa palestra na segunda-feira no Pen Club da Cidade do Cabo, Moeletsi Mbeki criticou o Chefe do Estado, Jacob Zuma, e o líder da Juventude do partido, Julius Malema, classificando-os como “a brigada das danças e cantares que tomou conta do partido”, e salientou a total ausência de líderes com visão e sólidos valores morais na actual estrutura dirigente do Congresso Nacional Africano (ANC).
Moeletsi Mbeki, que é um dos filhos do falecido Govan Mbeki, que foi um destacado dirigente do ANC e prisioneiro político do regime do “apartheid”, entre 1964 e 1987, disse ainda na mesma palestra que o futuro da África do Sul já não conta com o ANC, nomeadamente pela falta de estatura dos seus actuais líderes e pela falta de vontade do Presidente da República em acabar com a corrupção.
As críticas de Moeletsi Mbeki são “infundadas, mal informadas, e uma manifestação de desespero na forma de reduzir a lixo o ANC, o seu presidente e o Governo”, disse à Lusa o porta-voz do partido, Jackson Mthembu, ontem à tarde em Joanesburgo.
“Para os sul-africanos lógicos e patriotas, a vitória por 64 porcento dos votos do ANC nas últimas eleições autárquicas, que se traduziram no controlo pelo partido de 71 porcento de todos os municípios, é mais uma indicação de que o ANC se mantém como o futuro da África do Sul e a única organização capaz de remediar os desequilíbrios do passado, coisa que só Moeletsi não vê”, refere Mthembu em comunicado.
O analista e empresário não poupou críticas ao partido no poder, afirmando que ele não possui capacidade para modernizar a economia e conduzi-la a um porto seguro em tempos de crise, comparando-o a “outros movimentos de libertação que chegaram ao poder e que se tornaram corruptos e incompetentes”.
“Tendo as suas raízes políticas no ANC, Moeletsi preferiu lamentavelmente não apenas trair os nobres princípios e crenças do seu pai e ícone da luta, Govan Mbeki, como decidiu ainda embarcar no papel de voz da oposição, em vez de dar uma contribuição no seio das estruturas do ANC e do Governo para a construção de um futuro melhor para todos os sul-africanos”, conclui o comunicado do Congresso Nacional Africano.