FOI retomada na manhã de último sábado na cidade portuária de Nacala, em Nampula, a operação de reverificação de 457 contentores de madeira retidos pelas autoridades alfandegárias naquela região, por suspeita de descaminho fiscal. O reinício da acção ocorre dez dias depois de ter sido interrompido por razões desconhecidas.
Na semana passada o nosso Jornal denunciou uma tentativa de dificultar a cobertura jornalística do processo por parte de alguns sectores, depois que as autoridades alfandegárias anunciaram publicamente, na passada sexta-feira, o reinício das operações de reverificação dos contentores, abrindo a possibilidade de a acção ser acompanhada pela comunicação social.al.
A Reportagem do “Notícias”, que esteve em Nacala-Porto a acompanhar o caso, apurou que a operação poderá levar mais tempo do que os trinta dias inicialmente previstos, devido à falta de colaboração dos representantes das empresa envolvidas no processo, que não se têm feito presentes no terreno ao acto de abertura dos contentores, procedimento recomendado para efeitos de transparência.
Albano Naroromele, responsável do sector de comunicação e imagem na delegação regional norte das Alfândegas, disse que ao faltar as convocatórias para testemunhar a operação, as empresas incorrem no crime de desobediência às autoridades, assumindo-se que elas foram notificadas em tempo útil para se fazer presentes, sendo a sua ausência considerada uma acção deliberada que prejudica o interesse das autoridades em apurar toda a verdade à volta do assunto.
Uma das firmas apontadas como prevaricadora, segundo dados colhidos junto de fontes da equipa multisectorial envolvida na operação, é a empresa Casa Bonita que apenas se fez representar na primeira fase da operação de reverificação, ocorrida no dia 14 do mês em curso a qual viria a ser suspensa sem explicações de domínio público.
Dos três contentores pertencentes àquela empresa reverificados até aqui, a equipa de inspecção constatou que a madeira existente num deles, de tipo Jambire, não devia ser exportada em toro por se considerar da primeira classe, à semelhança da Umbila, Chanfuta e Pau-ferro.
Até ao final do mês em curso, deverão ser reverificados pouco mais de 118 contentores, dos 457 que se encontram retidos no Porto de Nacala, pertencentes às empresas Casa Bonita, Zen Long, Chanate e Verdura. De todas as empresas, a Casa Bonita é a que mais contentores possui, em número de 265.
Recorde-se que no passado dia 8 de Julho, tês navios carregados de 600 contentores de madeira foram interceptados pelas autoridades aduaneiras em Nacala quando se preparavam para zarpar com destino à China, numa operação de exportação envolta em suspeitas de se tratar de ser irregular.
Igualmente em Junho último, outros 50 contentores que se encontravam em vias de exportação irregular foram apreendidos no Porto de Maputo, por suspeita de terem sido embalados sem o devido acompanhamento das autoridades, tal como preconiza o regulamento.
Com efeito, e depois de iniciada a reverificação dos mesmos constatou-se que continham toros de madeira na espécie mondzo, cuja exportação é proibida nos termos da lei em vigor.
Entretanto, o desfecho da operação nunca chegou a ser conhecido publicamente e nem os proprietários da carga foram revelados, não se sabendo igualmente o destino dado aos toros de madeira interceptados.