SR. DIRECTOR!
A classificação, ainda é determinada, pelo exterior e não pelo trabalho. Para vencermos este desafio temos que empreender grandes esforços e tomar decisões “loucas” e superlativas. Ámen! A mesma coragem que tivemos para desafiar o colono português, devemos possuí-la ainda hoje, neste processo longo e doloroso de “desaportuguesar” o nosso ser interior e exterior.
Maputo, Terça-Feira, 26 de Julho de 2011:: Notícias
Quem sabe se o “venha amanhã”, tem muito a ver com esta atitude de reprovar e repelir pessoas pela aparência; processo herdado do colonialismo. Na minha óptica, para o sucesso na luta contra a pobreza temos que contar com as forças da nossa identidade e cultura. Porém, há que referenciar que foi tremendo o esforço empreendido ao longo das três décadas da nossa independência para chegar ao estágio da nossa identidade. Um abraço aos pastores moçambicanos que nos anos 1920 se reuniam frequentemente e clandestinamente para despertar seus compatriotas para a independência. Tizora Navesse e Muth Chicovel, ambos da missão Metodista Episcopal em Moçambique fundaram o congresso africano dentro da bandeira da igreja. O próprio evangelho era refém do colonialismo. Hoje línguas que “não eram línguas” já são línguas. Pessoas e tribos que “não o eram”, com a independência já o são, embora não o sendo na totalidade pois, a capa do colono ainda embrulha as nossas atitudes mesmo na igreja. Ámen! Difícil é encontrar estampado em nossas viaturas, no vidro pára-brisas ou então no pára-choques algo que espelhe o orgulho pela identidade, por exemplo: “sou cem porcento moçambicano”, etc. Temos emprestado slogans “estúpidos” e sem sentido nem mensagem à moçambicana. O caminho é longo para desaportuguesar o nobre e pobre moçambicano.
Para terminar diria que a nossa contínua vassalagem de várias formas, foi o que os portugueses até exigiam de Ngungunhana. Isto se repercute ainda hoje na nossa passividade e na adopção do estrangeirismo.
Vou citar aqui Butselaar: “O cônsul português esforçou-se para que a vassalagem de Ngungunhana fosse largamente reconhecida na África do Sul pela publicação do tratado no 'staats-courante der Z.A. Republiek'. Contudo o rei Nguni não deu importância a este documento. Considerou-o como um pedaço de papel sem valor real, uma manobra dos portugueses para tomarem seus pais. Nunca assinou este tratado e sua validade ficava pois duvidosa. A delicadeza e a benevolência do rei para com os portugueses e suas aspirações tinham uma outra origem. Vinha da promessa de Ngungunhana feita a seu pai. Muzila tinha pedido ao filho para que honrasse os brancos que foram seus aliados no conflito com Mawewe. Ngungunhana jamais esqueceu estas palavras e sua queda foi parcialmente causada pela sua hesitação em mudar sua política neste ponto” (1987:167). Compatriotas! A nossa fraqueza reside aqui.
Veja http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2011/07/desaportuguesar-mo%C3%A7ambique-sonho-de-ngungunhana-1.html?cid=6a00d83451e35069e2014e8a1d8a69970d