A BAIXA qualificação técnico-profissional dos moçambicanos em áreas específicas como a indústria mineira está a condicionar a absorção da mão-de-obra nacional nos grandes projectos de investimento em implementação no país, uma realidade que o Governo reconhece e assegura que já está em marcha uma estratégia visando inverter a situação.
O assunto esteve em debate no recente Conselho Coordenador do Ministério do Trabalho realizado na vila do Songo, em Tete, onde se ficou a saber do interesse que companhias internacionais como a mineradora brasileira Vale têm em apoiar as autoridades moçambicanas a desenhar e implementar programas de formação de quadros moçambicanos para fazer face à situação.
Aliás, uma das recomendações saídas do encontro aponta para a necessidade de o Ministério do Trabalho se posicionar melhor no mercado de forma a prover respostas adequadas à demanda de quadros técnica e profissionalmente qualificados para ingressar nos grandes projectos em implantação no país, sobretudo na indústria de extracção mineira.
Sobre este desafio, o porta-voz do Ministério do Trabalho, Alfredo Mauaie, disse ao “Notícias” que uma das primeiras medidas adoptadas para operacionalizar esta visão é a recuperação e redimensionamento de alguns centros de formação técnico-profissional existentes no país, sobretudo a nível da província de Tete onde já decorrem projectos na áreas de exploração mineira.
“A constatação que se tem é de que os grandes projectos efectivamente não estão a absorver a mão-de-obra moçambicana aos níveis que seriam de desejar, mesmo admitindo que, do ponto de vista de legislação, as companhias obrigam-se a respeitar o regulamento de contratação. No caso do nosso país, vigoram os regimes de contratação por quotas, por autorização da autoridade de tutela ou em regime de curta duração. Ainda assim, fixadas as quotas, continua insatisfatório o nível de absorção de moçambicanos nos projectos”, disse a fonte.
Segundo a fonte, a aposta é criar condições para que se potenciem programas de formação técnico-profissional à escala nacional, de forma a que, gradualmente, o país tenha disponibilidade de técnicos para dar vazão às ofertas de emprego nos mega-projectos, actualmente a serem preenchidos maioritariamente por estrangeiros.