Iniciam em Agosto próximo as obras de reabilitação da barragem hidroelétrica de Honde, no distrito de Báruè, em Manica, desabada na sequência das enxurradas ocorridas nos princípios deste ano.
Para o efeito, estão disponíveis dois milhões de meticais destinados à reposição dos 28 metros de paredão arrastados pelas chuvas, o que causou restrições no forncimento de energia eléctrica à localidade de Chuala, a partir daquela infra-estrutura.
O montante, disponibilizado pelo Governo de Manica, resulta da aplicação do Fundo de Investimentos alocado à direcção provincial dos Recursos Minerais e Energia e do reforço, a partir de reorientação, do dinheiro destinado à reabilitação do Museu Geológico de Manica, no distrito com o mesmo nome.
O director provincial dos Recursos Minerais e Energia de Manica, Olavo Deniasse, que revelou o facto ao “Notícias”, disse que o concuso para o efeito já foi lançado, tendo já sido apurada a África Construções como empreiteiro da obra.
Por seu turno, o administrador distrital de Báruè, Joaquim Zefanias, afirmou que devido à destruição do referido paredão a barragem passou a funcionar a meio gás e, apesar da reabilitação provisória de que beneficiou, parte dos utentes da energia ali produzida passou a sofrer restrições desde os princípios deste ano.
A micro-barragem hidroeléctrica de Honde foi erguida no âmbito do programa de electrificação rural. As obras da sua edificação, orçadas em mais de 250 mil euros, o correspondente a 8,8 milhões de meticais, iniciaram em 2006, com o financiamento do governo alemão, através da GTZ e foram concluídas em Março de 2008.
O empreendimento, inauguradio pelo Presidente da República naquele ano, compreendeu a construção de um paredāo para a barragem das águas com 4,5 metros de altura e 50 de comprimento, 1100 metros de canal de condução de água para irrigação, uma casa de máquinas para o equipamento de produção de energia eléctrica com capacidade para 80 KW, um posto de transformação elevador (PT) de 100 KVA, um PT abaixador também de 100 KVA, uma linha de distribuição de energia eléctrica de 4,1 quilómetros e uma rede de baixa tensão de 710 metros.
Numa primeira fase, a rede eléctrica de Honde está a beneficiar 300 famílias residentes na sede do posto administrativo de Chuala, Honde.
Falando no acto inaugural, o Presidente da República, Armando Guebuza, declarou que a nova micro-barragem hidroeléctrica de Honde, construída no rio Messambidzi, constitui um exemplo vivo de que os moçambicanos podem vencer a sua luta contra a pobreza e com o trabalho e domínio da ciência e tecnologia, aproveitando os recursos naturais existentes, construir um futuro próspero e promissor para todos.
Afirmou que o empreendimento iria catapultar o desenvolvimento da região, ao garantir o fornecimento de energia eléctrica e irigação dos campos agrícolas nas zonas contíguas e circunvizinhas.
“É assim como os recursos naturais, quando bem aproveitados, podem contribuir para o desenvolvimento. Este rio existe desde a era dos nossos antepassados. Os nossos avós e bisavós e todos seus ancestrais nasceram, viveram e morreram enquanto este rio existia. Esta água que corre aqui e se perde pelo mar sempre passou daqui. Hoje, com o saber e inteligência, estamos a aproveitar esta água para melhorar as nossas condições de vida” – dissera o PR.
Com a barragem, o estadista moçambicano dissera estarem criadas as premissas para a melhoria substancial dos actuais índices de produção agrícola em Honde, ao mesmo tempo que estão garantidas as condições de fornecimento de energia eléctrica, água potável e irrigação, reduzindo assim a actual dependência à chuva na agricultura.
“Isto constitui um contributo valioso e inequívoco no combate à pobreza. Antes, alguns só ouviam falar de energia eléctrica ou viam-na nas casas de outras pessoas, noutras cidades e vilas. A luz das estrelas é que iluminava nas noites. Hoje temos lâmpadas que emitem luz suficiente que as próprias estrelas, que por estarem tão longe, no céu, não iluminam adequadamente nas noites. Festejem o vosso trabalho, utilizem correctamente o empreendimento e com ele combatam a pobreza” – declarara Guebuza.Nova hidroeléctrica sobre Púngoè em Nhancangale
Entretanto, foi já concluída a consulta comunitária para dar início às obras de construção da nova barragem hidroeléctrica, a primeira a ser erguida no rio Púnguè, mais concretamente na região de Nhangangale, distrito de Báruè, em Manica. O administrador distrital, Joaquim Zefanias, que a-propósito falou à nossa Reportagem, disse, igualmente, ter já sido concluída a delimitação da área onde vai ser instalada a barragem, o mesmo que aconteceu com o estudo do impacto ambiental, para além da demarcação da área para o reassentamento das populações e para a produção.
Neste momento, segundo a fonte, decorre o processo de “procurement” visando o início das obras. A nova barragem, com finalidades múltiplas, nomeadamente para a produção de energia eléctrica, irrigação e reforço da capacidade de abastecimento de água às cidades da Beira e Dondo, na província de Sofala, está orçada em 39 milhões e 100 mil euros.
Deste pacote financeiro, 60 milhões de euros foram disponibilizados pelo governo da Itália, no âmbito do programa de saneamento ambiental que inclui, para além da referida barragem, as obras de drenagem na cidade do Maputo.
Uma fonte ligada à gestão do projecto descreveu, há dias, que a barragem compreende a construção de um paredão com 30 metros de altura, 1200 metros de desenvolvimento do coroamento (comprimento) e vai desenvolver uma albufeira com capacidade de retenção de 190 milhões de metros cúbicos de água, a qual vai servir, para além de irrigação de 3500 hectares de terra arável, nas regiões de Inhazónia (Manica) e Mafambisse (Sofala), como fonte de geração de um megabite de energia eléctrica que poderá atender ao próprio empreendimento e às comunidades circunvizinhas.
Em termos espaciais, prevê-se que a albufeira inunde e expanda por uma área de 10 mil hectares. Os recursos hídricos que serão acumulados na albufeira de Nhancangale, de acordo com o director do projecto da barragem de Nhancangale, o engº Francisco Massangai, servirão também como reserva para atender, em tempo seco, a estacão de captação de Punguè, integrada no sistema de abastecimento de água às cidades da Beira e Dondo, na província de Sofala.
Em declarações ao “Notícias”, Massangai assegurou que tudo está a postos para o arranque das obras, encontrando-se em curso o processo de estabelecimento da unidade de implementação, montagem de escritório, recrutamento de pessoal e aquisição de bens.
Informou, igualmente, terem já sido lançados alguns concursos e outros estão em processo de lançamento para a adjudicação do empreendimento, nomeadamente os referentes à contratação da firma de “procurement”, do projectista, da fiscalização e do empreiteiro, cujos resultados, segundo assegurou, serão conhecidos brevemente.
Segundo previsões resultantes da consulta pública já efectuada, estima-se que estejam a residir na região aproximadamente 500 famílias, as quais poderão ter direito a igual número de novas casas construídas nos locais de assentamento definitivo.
Enquanto isso, e ainda inserido no pacote de reassentamento, prevê-se a construção, no novo bairro, de duas escolas primárias e de um centro de Saúde, infra-estruturas consideradas básicas para atender às necessidades das famílias que ora serão deslocadas na sequência do projecto.
Relativamente ao pacote de drenagem, na cidade do Maputo, Massangai informou estarem disponíveis 16.900 milhões de euros para atender à drenagem nos bairros Polana-Caniço e Maxaquene. Para além deste montante, outros quatro milhões de euros serão investidos nos estudos e supervisão dos dois projectos.
- Víctor Machirica