O ABATE do coqueiro, associado ao amarelecimento letal, é visto pelos agentes económicos da província de Inhambane como sendo uma grande ameaça à indústria de extracção de óleo naquela região do país.
A inquietação foi manifestada pelo Conselho Empresarial de Inhambane durante um encontro de Observatório de Desenvolvimento, um fórum que junta os membros do Governo Provincial, agentes económicos, representantes da sociedade civil e parceiros de cooperação para avaliar o desempenho da economia da província através da verificação da implementação do plano do Governo.
Na sessão realizada há dias na cidade de Inhambane o presidente da CTA, Amade Remane Osmane, disse que o encerramento de algumas unidades industriais do ramo de fabrico de óleos e sabões, por escassez de matéria-prima, tem como origem a ausência de uma política do Governo para a reposição de coqueiro abatido para o fabrico de madeira, além da falta de uma acção séria para o combate do amarelecimento letal do coqueiro, que ameaça devastar o palmar da província de Inhambane.
Dados em nosso poder indicam que sete das onze fábricas de óleo e sabões na província fecharam as portas no ano passado e pouco mais de 500 trabalhadores passaram para o desemprego, porque os coqueiros não produzem matéria-prima suficiente para alimentar as fábricas.
As autoridades do sector da Agricultura dizem que, além do amarelecimento letal do coqueiro, cujo impacto é considerado irrelevante em Inhambane, concorre para esta situação a venda do coco em forma de lanho, além do envelhecimento do palmar, na sua maioria com mais de 60 anos de vida.
Os agentes económicos da província de Inhambane lançaram um vigoroso apelo ao Executivo de Agostinho Trinta no sentido de serem desenhados projectos para vários cenários, pois, segundo dizem, a riqueza de Inhambane pode desaparecer porque a produção do coco está a baixar drasticamente.
O chefe dos Serviços Provinciais de Agricultura, Manuel Sahal, disse em contacto com a nossa Reportagem que existe um programa para a substituição do palmar velho. Para tal, conforme explicou, existem cerca de 40 mil mudas de coqueiro para serem distribuídas em três centros de multiplicação.
Os agentes económicos locais apelaram ao Governo para dinamizar as estratégias da preservação do coqueiro, produzindo instrumentos legais que obriguem aqueles que fazem abates indiscriminados desta cultura de rendimento para fazer a sua substituição.
Além da destruição do palmar, os agentes económicos de Inhambane disseram, no encontro, que a onda de criminalidade, que no primeiro semestre abalou a província, pode frustrar o investimento, porque, no cômputo geral, os investidores têm sido alvos preferenciais dos malfeitores.
“A criminalidade frustra e debilita os nossos esforços e repelem os novos investimentos”, disse Amade Remane Osmane, apelando ao Governo e à sociedade civil para encontrarem medidas urgentes para estancar o crime.
A CTA reclamou igualmente a facilitação dos procedimentos administrativos nas instituições públicas por parte dos funcionários e agentes do Estado. “É necessário que os técnicos e agentes do Estado assumam o papel de facilitadores, simplificando os procedimentos administrativos na prestação de serviços públicos”, pedem os empresários.
Tirando estes constrangimentos, o Conselho Empresarial de Inhambane reconhece que a economia da província está em franco crescimento, necessitando, no entanto, de algumas actividades, como sejam a promoção de feiras agrícolas para permitir a rotatividade de recursos locais, expansão da energia eléctrica para dinamizar a criação de pequenas unidades de processamento de produtos locais, entre outras necessidades.
- Victorino Xavier