Depois de alguns meses de relativa calma, o índice de criminalidade voltou a subir, um pouco por toda a província de Manica, onde a cidade de Chimoio assume posição de destaque. Sem avançar números, as autoridades policiais reconhecem a gravidade do problema e atribuem-no ao regresso dos chamados homens de catanas, vulgo “nhamacatanas” que, nos últimos dias, agudizaram assaltos a residências e estabelecimentos comerciais.
Com efeito, de acordo com Belmiro Mutadiwa, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Manica, só durante as últimas duas semanas, a corporação registou mais de três casos de assaltos com o recurso a armas brancas, apenas na cidade de Chimoio. Num destes ataques, os criminosos mataram um guarda por asfixia e roubaram valiosos bens na residência de uma família de origem chinesa.
O guarda perdeu a vida no local do assalto, no bairro Quatro, quando os larápios lhe taparam a boca e o nariz por meio de um pano, depois de lhe atarem as pernas e braços, como forma de impedi-lo de pedir socorro.
Um outro guarda, por pouco ia perder a vida nas mesmas circunstâncias quando, há dias, larápios o colaram à boca com alaldite, no mercado Mpulango, no bairro Centro Hípico, também para impedir que o segurança não pudesse denunciar o bando.
Para além do dinheiro, no valor de 7500 meticais e 3500 dólares norte-americanos, os larápios roubaram nove telemóveis, três computadores, duas máquinas fotográficas, vários cartões de banco, documentos de identificação civil e uma viatura que, entretanto, veio a ser recuperada dia seguinte no distrito de Gondola.
Os criminosos que estão a monte usaram a viatura para transportar o produto do roubo abandonando-a depois, algures no distrito de Gondola, a 20 quilómetros da cidade de Chimoio. A Polícia diz estar no encalço dos larápios.
O segundo assalto registou-se no bairro Mudzingaze onde um grupo de meliantes ainda a monte, armados de catanas e facas, arrombou a porta principal de uma casa e, no interior, retiraram vários bens, depois de terem ferido o proprietário que tentou desafia-lo para impedir o roubo. Neste acto, os larápios levaram consigo vários electrodomésticos, aparelhos audiovisuais, entre televisores, DVD´s, aparelhos sonoros, entre outros.
A terceira investida dos gatunos aconteceu no bairro Tambara-2 e foi perpetrado por adolescentes de idades compreendidas entre os 12 e 16 anos, que roubaram dinheiro no valor de cinco mil meticais. Estes menores, depois de neutralizados, foram encarcerados na 1ª Esquadra da PRM, mas Mutadiwa diz que o processo contra eles não pode avançar uma vez que esta camada da população não pode ser julgada e condenada nos termos da lei.
Nos primeiros quatro meses, o índice de criminalidade havia recrudescido em 16,75 porcento na província de Manica. Durante aquele período foi registada a ocorrência de 30 casos adicionais comparativamente a igual período do ano transacto, em que a PRM registou 149 casos conhecidos, contra 179 arrolados no último quadrimestre.
- Víctor Machirica