FOI ontem abortada a exportação ilegal de semente de algodão pela concessionária Plexus, Lda., com sede no distrito de Montepuez, Cabo Delgado, que seguiria num navio baptizado com nome de Athens, agenciado pela Spanfreigth Shipping, aparentemente por ordens da Agricultura, por se ter descoberto que a carga ia sem a sua competente autorização, entre outras irregularidades, incluindo a falta de certificados de controlo fitossanitário.
O nosso Jornal esteve no Porto de Pemba ao fim da tarde de ontem, tendo confirmado junto das autoridades portuárias e alfandegárias que a operação de descarga dos 37 contentores terminaria ainda ontem, permitindo que o Athens zarpasse para outros destinos.
Em contacto com o director provincial da Agricultura, Mariano Caetano Jone, este disse não ter informações consistentes sobre o assunto, mas prometeu confirmar à posterior, muito embora no recinto portuário se encontrassem os seus homens envolvidos na operação de descarga da mercadoria que ia ser exportada sem a observância das normas legais estabelecidas no país.
Abordado o director financeiro da Plexus, Lda., Faustino Catingue, disse-nos não achar conveniente partilhar a informação com a Imprensa neste momento em que o processo está em curso, sob o risco de perturbá-lo.
“Acho pessoalmente que se trata de um processo normal que acontece no dia-a-dia, mas não posso entrar em detalhes antes que tenha acesso a tudo o que está à volta do assunto, para além de que ainda não fui autorizado e considero extremamente preliminar o que há como informação neste momento”, disse Catingue.
A fonte da Plexus promete, porém, falar à comunicação social, assim que tudo tiver sido esclarecido.
A Plexus, Lda., criada a 18 de Julho de 2002, decorrente da privatização da ex-Lomaco, dedica-se ao fomento e processamento de algodão, cultura de rendimento para muitos milhares de moçambicanos, sobretudo nos distritos do sul de Cabo Delgado, designadamente Montepuez, Balama, Namuno e Chiúre.Foi no mesmo ano, segundo informação disponível, que a Plexus celebrou um contrato de fomento e extensão rural com o Governo, que lhe concedeu o direito de desenvolver a sua actividade naqueles distritos, considerados área de influência tradicional da respectiva fábrica.
Em 2005 a Plexus tornou-se no maior produtor nacional de algodão e na campanha seguinte atingiu o pico, com 34,6 mil toneladas, o que fez com que Cabo Delgado fosse a província maior produtora nacional do chamado ouro branco, destronando, deste modo, a vizinha Nampula.
Entretanto, outras informações em poder do “Notícias” revelam que o plano de consolidação e expansão das suas actividades fez com que em Junho de 2006 adquirisse o complexo fabril de Namapa, na província de Nampula, da extinta SODAN, do Grupo João Ferreira dos Santos, alargando os seus direitos de fomento e extensão da cultura do algodão aos distritos de Chiúre e Eráti, este último naquela província.
A Plexus, Lda., é a primeira e única empresa em Cabo Delgado detentora do selo “Orgulho Moçambicano, Made in Mozambique”, entregue a 21 de Agosto de 2010, numa cerimónia que teve lugar na sua sede, em Montepuez.
- Pedro Nacuo