ABÍLIO DE SOUSA CRISTINA é natural de Loulé, província do Algarve. Iniciou a sua vida no Ultramar, em Comissão de Serviço, como militar, em Macau, com a patente de 1.° Sargento, onde se manteve durante seis anos, após o que voltou à Metrópole.
Em nova Comissão de Serviço, veio para Moçambique, onde esteve durante seis anos, reformando- se nessa altura, em 1946.
ABÍLIO DE SOUSA CRISTINA, conhecedor do Niassa, vendo que havia grandes possibilidades de fixação, resolveu fixar-se em Vila Cabral, dedicando-se à profissão de caçador. Mais tarde, em virtude da região ser fecunda em caça, vieram muitos outros caçadores. SOUSA CRISTINA deu por finda a sua vida de caçador.
Estabelecimento de Sousa Cristina
Como nessa época não existiam lojas no mato, a não ser nas povoações grandes, e como espírito de iniciativa não lhe faltava, resolveu montar, com o que dispunha, construindo casas de «pau-a-pique» —género de construção primitiva— montando, assim, quatro lojas em diversos pontos da região do Alto Niassa, em pleno mato.
Anos antes de ABÍLIO DE SOUSA CRISTINA ter tomado esta iniciativa, havia saído uma lei que favorecia a abertura dessas lojas, lei com que o Estado procurava ajudar a fixação dos colonos.
Iniciou a sua actividade comercial em 1947, adquirindo, para poder vigiar o seu negócio, um automóvel usado, marca «Ford», que nessa época lhe custou sete mil e quinhentos escudos, e com ele percorria, através de «picadas», as distâncias que mediavam entre as suas várias lojas. Sempre prosperando, acabou por possuir doze lojas, todas dispersas pelo mato.
ABÍLIO DE SOUSA CRISTINA possui, actualmente, sete lojas no mato e duas em Vila Cabral, sendo a maior a sede do seu comércio.
Votou-se de alma e coração à terra virgem mas fecunda, desta bela região do Alto Niassa, que ama mais do que a sua província natal do Algarve.
SOUSA CRISTINA é um pioneiro convicto e feliz. Nada mais desejando do que continuar a sua vida de comerciante, e de verificar com os seus próprios olhos, numa romagem de saudade, o progresso do Algarve, e regressar, depois, às terras do Niassa, que passaram a ser parte integrante dele próprio, que ama, e ajudou com o seu esforço, a civilizar e a progredir.
In LIVRO DE OURO DO MUNDO PORTUGUÊS - moçambique(1970) (pág. 331/332)