Canal de Opinião por Ricardo Santos
A primeira mostra de uma autêntica vocação política é, em todos os tempos, que um homem renuncie desde o princípio a exigir aquilo que lhe é inalcançável.
Stefan Zweig
Como cidadão e patriota, e apenas nesse contexto, uma das características que sempre apreciei em Samora Machel foi a sua frontalidade e até, imagine-se, bom senso analitíco. Foi um homem de poucos estudos formais, mas extremamente intuitivo e inteligente. O excerto de alguns raros textos políticos a sí atribuídos, certamente refinados com a pena intelectual de Aquino de Braganca, ou de Carlos Adrião Rodrigues em algumas poucas ocasiões, mostra-nos que entre Samora Machel e a ala do político experimentado Marcelino dos Santos, muitas vezes vulgarizada pela tese peregrina como sendo a de todos os intelectuais da FRELIMO, houve uma rotura politica clara na visão dos caminhos libertários do novo Mocambique. Por exemplo, Samora percebeu antecipadamente que, uma vez conquistada a independência, não era vantajoso entrar em guerra aberta com vizinhos poderosos militar e economicamente, mas Marcelino dos Santos, um autêntico conselheiro Acácio da FRELIMO, foi eficiente e matreiro, induzindo-o a entrar em confronto aberto com aqueles.
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