A museóloga Alda Costa, diretora de Cultura da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, salientou hoje o trabalho da arquiteta portuguesa
Ana Lacerda na "renovação e requalificação dos museus moçambicanos".
Alda Costa falava à Agência Lusa à margem do VI Encontro de Museus de
Países e Comunidades de Língua Portuguesa que começou segunda-feira e
termina hoje no Museu do Oriente em Lisboa.
Alda Costa afirmou que o Estado moçambicano tem tido "uma grande preocupação com a afirmação do ser moçambicano e em resgatar a história e cultura negadas". Um dos exemplos deste empenho é o Museu da Revolução, na capital.
Todavia, o espaço museológico em Moçambique tem tradições que remontam ao século XIX, havendo até um decreto do Rei D. Luís no sentido de se criar um museu na ilha de Moçambique, contou a museóloga, que recordou que no próximo ano o Museu da Moeda, em Maputo, celebra cem anos.
Alda Costa sublinhou o trabalho de Catarina Lacerda em "renovar e requalificar" antigos museus, indo "ao encontro de uma linguagem atual".
Segundo a atual responsável pelos museus da Universidade, que em 2012
completa 50 anos, "os museus como repositórios estão ainda na cabeça de muitos de nós, em Moçambique". Uma atitude que urge mudar, defendeu, e para a qual deposita esperanças no trabalho de dinamização da arquiteta portuguesa.
Por outro lado, Alda Costa, afirmou à Agência Lusa que, apesar de o Estado moçambicano "ter aberto um espaço à iniciativa particular, este não foi ainda devidamente aproveitado, mesmo tendo começado a surgir iniciativas locais, o que evidencia preocupação com a memória".
No encontro que termina hoje com a presença do secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, participa também Ernesto Lima de Carvalho, do Museu Nacional de São Tomé e Príncipe, instalado na fortaleza de S. Sebastião, construída em 1675. Criado em 1976, o Museu, em S. Tomé, apresenta várias peças, como armas antigas portuguesas, cerâmica e retratos de antigos governadores coloniais.
"O próprio edifício onde funciona o Museu é um património que tem de ser valorizado", realçou o responsável que adiantou estar em vista "uma renovação do espaço, melhoramento das coleções e do roteiro da visita", tendo frisado a importância da ligação às escolas através de vários projetos como "um museu, uma escola".
Antigo jornalista da Rádio Nacional, Ernesto Lima de Carvalho salientou que um museu "não é apenas um edifício com peças mortas, paradas, abandonadas, [pois] as peças `falam` de lugares, épocas, pessoas, famílias [e] sociedades"._,_.___
RTP2 – 27.09.2011