A PRÁTICA de garimpo ilegal está a atingir níveis bastante críticos, nos últimos tempos, em Moçambique, constituindo assim na maior preocupação das autoridades, por estar a resultar em imensos prejuízos económicos e danos ambientais, numa clara violação da legislação que regula as actividades cujos valores de produtos comercializados escapam ao controlo do Governo.
Na verdade, segundo a Ministra dos Recursos Minerais, Esperança Bias, o país está a perder valores que poderiam muito bem compensar o nosso Produto Interno Bruto (PIB) e a balança de pagamentos que, consequentemente, iria melhorar significativamente a própria vida daqueles que extraem ilegalmente estes recursos.
Falando à Reportagem da nossa Delegação da Beira, a governante exemplificou que a região de Manhumbir, no norte do país, está a ser alvo de extracção desordenada de rubins que têm grandes valores, sendo que, muitas vezes, as pessoas envolvidas na sua comercialização aplicam preços bastante baixos.
Por conseguinte, a titular da pasta dos Recursos Minerais consubstanciou que os referidos operadores ilegais continuam pobres, porque o valor obtido na venda do rubim é insignificante nem serve para resolver seus problemas de curto prazo.
“As pessoas estão a desgastar-se fisicamente e sem fazer a poupança suficiente para quando não tiver oportunidade de voltar a cavar possam sobreviver”- lamentou.
Para disciplinar a actividade, sublinhou que o Governo atribui senhas mineiras a pessoas que num determinado local o Estado designa áreas para as comunidades operarem.
Mesmo assim, conforme sustentou, as pessoas que se dedicam à mineração artesanal são, entretanto, em número relativamente superior às senhas distribuídas.
Para o efeito, anotou estar em curso no terreno um trabalho de sensibilização para que os mesmos prevaricadores se legalizem até em associações para facilitar o apoio direccionado pelo Estado ou por outras instituições interessadas em ajudar a iniciativa.
Esperança Bias afirmou que a mineração artesanal se faz em muitos lugares em complemento das actividades agrícolas, para além da pesca, razão pela qual as pessoas nela envolvidas observam constante movimento em função das novas descobertas.
Dados adicionais indicam ainda que na zona centro, sobretudo nas províncias de Manica e Sofala, milhares de pessoas sobrevivem do garimpo ilegal de ouro, sob todo o risco de aluimimento de terras que resulta na morte ou ferimento dos envolvidos.
Zimbabweanos, malawianos, tanzanianos, zambianos, congoloses incluindo nacionais delapidam o ouro na região. Para travar o cenário que, entretanto, impulsiona a renda familiar dos garimpeiros ilegais, chineses estão já posicionados na vila da Gorongosa, em Sofala, com a intenção de montar três fábricas de processamento do mineiro.
Indicações preliminares dos mentores deste projecto apontam que as reservas existentes na região não se justificam para uma exploração comercial por ser insignificantes.
No entanto, elevada quantidade de areia extraída no terreno está a ser exportada para a vizinha República da África do Sul, sob suposto pretexto de análise laboratorial cujas amostras nunca voltam ao nosso país.
- Horácio João