Não sabemos ao certo a data exacta em que JOÃO RIBEIRO DE PAIVA chegou a Moçambique, mas sabemos que em 1911 residia em Lourenço Marques, de onde foi expulso por motivos políticos e mandado para outro ponto da Província. JOÃO RIBEIRO DE PAIVA — um perseguido político — foi desterrado para Tete, onde se conservou, exercendo as funções de aspirante dos Correios e Telégrafos, até Março de 1912, data em que pôde regressar a Lourenço Marques, sendo nomeado, por portaria do Governador-Geral, Dr. Alfredo Magalhães, amanuense da circunscrição civil de Zavala, lugar de que não quis tomar posse.
JOÃO RIBEIRO DE PAIVA, politicamente foi sempre um avançado, um republicano de gema, e antes da implantação da República já pertencia ao Centro Republicano Dr. Couceiro da Costa, de que era secretário quando foi expulso.
Em Lourenço Marques, foi director do jornal «A Voz do Caixeiro»; em Tete do «Radical» — que ele e um seu companheiro de infortúnio tiveram necessidade de compor, por falta de pessoal especializado—; e em Moçambique foi director de «O Norte».
Devido ao seu esforço, à sua inteligência e ao seu incontestado dinamismo, aliados a uma inigualável força de vontade, JOÃO RIBEIRO DE PAIVA chegou a ser um dos maiores comerciantes e industriais do Distrito de Moçambique, onde teve 32 lojas comerciais. Interessou-se também bastante pela agricultura, tendo criado na área de Angoche a bela propriedade de Namapiza, onde, além das esplêndidas habitações que nela construiu, plantou para cima de 100 000 palmeiras e 50 000 cajueiros, hoje em plena produção.
Em determinada altura, porém, a sorte abandonou-o e devido a circunstâncias alheias à sua acção e à sua vontade, tudo perdeu!
Mas, apesar de todas as ingratas contrariedades, JOÃO RIBEIRO DE PAIVA não esmoreceu e a sua dinâmica força de vontade não encontra barreiras, continuando insanamente na luta de recuperar o perdido!
A primeira fábrica de tabacos que se montou na cidade de Moçambique — seus antigos sonhos — foi JOÃO RIBEIRO DE PAIVA que a estabeleceu.
Foi ele, também, quem primeiramente empreendeu no Distrito de Moçambique o descasque e preparação da castanha de caju.
Finalizamos a sua biografia com as afirmações de E. Pinto Soares, insertas num artigo dedicado ao pioneiro, publicado num jornal da Província :
«João Ribeiro de Paiva foi um homem às direitas e que merece, mais que recordado, ser imitado em suas atitudes de exemplar patriota.»
In LIVRO DE OURO DO MUNDO PORTUGUÊS - moçambique(1970) (pág. 324)