MANUEL FRANÇA DE LIMA nasceu na Ilha da Madeira, em 1922. Veio para Moçambique em 1950. É casado, tendo quatro filhos nascidos na Província. 0 primeiro lugar que teve, quando chegou a Moçambique, foi como feitor agrícola, durante dois anos, no Distrito de Lourenço Marques. O seu sonho, no entanto, era tornar-se agricultor por conta própria.
Procurando melhor oportunidade, partiu para a Zambézia, onde trabalhou durante cinco anos, procurando economizar durante esse tempo o necessário para poder realizar os seus sonhos.
Em 1957, ouvindo falar nas possibilidades do planalto de Vila Cabral, deixou a Zambézia com destino ao Niassa, onde se fixou na propriedade da firma Socigel, passando, alguns meses depois, para uma concessão que pedira, e assim se estabeleceu como agricultor, seu desejo de sempre.
Propriedade Agrícola de França de Lima
Os três primeiros anos foram muito duros, de grandes lutas. Após seis meses de iniciados os trabalhos agrícolas, já FRANÇA DE LIMA tinha esgotado as suas economias, que eram quarenta e seis contos. Esta quantia tinha sido gasta só nos trabalhos de derruba e capinagem dos terrenos.
Devido à sua enorme persistência e grande força de vontade, auxiliado por uns e encorajado por outros, conseguiu vencer todas as grandes dificuldades que se lhe depararam, passando, após negros anos de lutas, que a muitos quebraria o ânimo e desejo de prosseguir, a tirar, finalmente, os frutos da sua propriedade e do seu labor.
A princípio trabalhou a terra à enxada, depois, a lavrá-la com uma junta de bois, o que tornava as culturas bastante oneradas, com o pouco rendimento desse sistema. Hoje, com um tractor e respectivas alfaias, cultiva 100 hectares,: com culturas de trigo, milho, grão, batata e outros.
1." Exposição Feira de Vila Cabral, em 1963
Há dois anos antes, o rendimento da propriedade, não ia além de oitenta contos. Actualmente, possui, também, um estabelecimento comercial e tem uma moagem de milho e respectivos armazéns.
MANUEL FRANÇA DE LIMA foi um homem muito trabalhador e honesto, considerado no meio agrícola do Niassa, não só pelos europeus como pelos nativos.
Foi um verdadeiro pioneiro das terras do Niassa, que mercê do seu espírito empreendedor, conseguiu vencer todas as dificuldades que se lhe depararam, trazendo com o seu esforço, o progresso e o desenvolvimento agrícola a esta região da Província de Moçambique, onde sucumbiu, por grave desastre, já depois de escrita a sua biografia.
In LIVRO DE OURO DO MUNDO PORTUGUÊS - moçambique(1970) (pág. 340/341)