O DESTACADO combatente da Luta Armada de Libertação Nacional, Bonifácio Gruveta, faleceu ontem, no Maputo, vítima de doença. Deputado e membro da Comissão Permanente da Assembleia da República (AR) até à sua morte, o finado, que também era general na reserva e membro do Conselho de Estado, perdeu a vida numa clínica da capital do país, segundo um comunicado do Parlamento recebido na nossa Redacção.
O seu funeral realizar-se-á sábado na província da Zambézia, sua terra natal, segundo vontade por si expressa em vida.
O Presidente Armando Guebuza lamentou já a morte deste combatente, descrevendo-a como uma grande perda para o país.
Bonifácio Gruveta nasceu em Namacata, distrito de Quelimane, na província da Zambézia, a 6 de Junho de 1942. Aos 20 anos de idade, em 1962, quando tomou conhecimento da existência da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), decidiu juntar-se ao movimento nacionalista, atravessando a fronteira para a então Niassalândia (actual Malawi), onde estabeleceu contactos com algumas pessoas que desenvolviam o trabalho clandestino de mobilização para a FRELIMO. Mas só em 1963 teve contactos com Lourenço Mutaka, um combatente que já trabalhava na clandestinidade para a FRELIMO, tendo sido este quem organizou a sua fuga para se juntar à luta de libertação na Tanzânia.
Naquele território, Gruveta foi seleccionado com outros jovens para integrar um dos primeiros grupos que foi enviado para treinos político-militares na Argélia, do qual fazia parte o falecido Presidente Samora Machel.
Num entrevista exclusiva ao “Notícias” em 1988 ele revelou que a primeira missão que lhe foi confiada relacionou-se com a realização do trabalho clandestino na província da Zambézia com vista ao lançamento de panfletos em Quelimane, Mocuba, Milange e Guruè, bem como o recrutamento de jovens estudantes para a FRELIMO.
Em 1966 Bonifácio Gruveta foi nomeado representante da FRELIMO no Malawi, donde viria a ser expulso em 1969, por ter sido considerado “persona non grata” pelas autoridades daquele país, por ter agredido, em autodefesa, um agente da PIDE-DGS incumbido de espiar a Frente.
Depois de ter cumprido várias missões no interior das províncias do Niassa e Cabo Delgado, Gruveta foi indicado em 1974 para dar reinício à luta armada na Zambézia, tendo, após o 25 de Abril, sido chamado a integrar a delegação da FRELIMO às conversações com as autoridades portuguesas, em Lusaka, na Zâmbia.
Depois do histórico acordo, no período de transição, Gruveta foi nomeado primeiro governador da província da Zambézia, cargo que exerceu até 1977.
A Comissão Política da Frelimo manifestou em comunicado de imprensa o seu sentimento de pesar pela morte daquele destacado combatente da Luta Armada de Libertação Nacional.