DEZ anos depois, Moçambique volta a marcar presença nos quartos-de-final do Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins do Grupo A. O feito foi conseguido ontem frente à Angola, por 4-3, no prolongamento, depois de o tempo regulamentar ter terminado com uma igualdade a três golos.
Bruno Pinto, com um portentosa “stickada” cá do meio da rua, apontou o golo de ouro que voltou a colocar para já a Selecção Nacional no grupo das oito melhores do mundo, um marco extraordinária que volta a acontecer na cidade argentina de San Juan, curiosamente o mesmo palco, que há dez os hoquistas nacionais tinham festejado a passagem aos “quartos”. É caso para dizer San Juan terra nossa!
No que diz respeito ao jogo, de referir que Moçambique entrou muito forte no ataque com Pedro Nunes a voltar a apostar na equipa que tinha defrontado Portugal, ou seja, Igor Alves, na baliza; Kiko e Bruno Pinto, na defesa; Frederico Saraiva e Mário Rodrigues; no ataque.
A forma como a equipa nacional se fez ao rectângulo do jogo antevia que a ordem era para atacar e ganhar, até porque a verdade manda dizer que quem defende acaba perdendo. A atitude ofensiva da equipa moçambicana foi coroada com um golo apontado aos oito minutos por intermédio de Bruno Pinto na sequência de um penalte, a castigar falta sobre Mário Rodrigues.
Em desvantagem no marcador, Angola teve que correr atrás do prejuízo. Passou a deter mais posse bola com os moçambicanos a defenderem-se no seu meio campo, fazendo uso do sistema em quadrado. Mas este bloco falhou porque a equipa nacional estava muito recuada e facilitava em algum momento aos angolanos. Quem soube aproveitar o espaço concedido foi André Centeno que atirou forte de longe com Igor Alves a não ver sequer a bola partir devido ao “cacho” de jogadores que estava à sua frente. Abalados pelo golo, os comandados de Pedro Nunes desconcentraram-se e sofreram o segundo, novamente por André Centeno. Num só minuto (13), a equipa moçambicana passava da posição de vencedor para vencida.
As coisas ficaram azedas para o lado moçambicano, visto que os angolanos estavam super motivados.
Mas a Selecção Nacional soube dar a melhor resposta ao melhor momento dos “Kambas”. Passou a ser mais agressiva quando perdesse a bola e mais rápida no ataque. Foi assim que numa bela jogada de contra-ataque conduzida por Frederico Saraiva, Moçambique chegou ao empate 2-2, após um toque de mestria de Mário Rodrigues.
O intervalo chegou com o mesmo resultado que se verificou há dois anos no Mundial de Vigo. Mas era certo que este não podia ser o resultado final, visto que, em caso de empate teria que se recorrer ao prolongamento.
Sabendo dessa nova regra (o “goal-average” já não serve em caso de igualdade pontual), o conjunto nacional entrou aguerrido e logo no primeiro minuto voltou a estar na posição de vencedor. Frederico Saraiva fez o seu oitavo golo na prova o terceiro do jogo, após uma excelente assistência de Mário Rodrigues. Galvanizado, o combinado nacional poderia ter dilatado a vantagem, mas o remate de Bruno Pinto foi devolvido pelo poste. O mesmo jogador desperdiçou logo a seguir um penalte.
Com os pupilos de Nunes a serem perdulários, foram os angolanos que chegaram ao empate (3-3) na sequência de um penalte convertido por Kirro aos 17 minutos. O golo surgiu já perto do final e as duas equipas já apresentavam sinais de cansaço. Mas coube a equipa nacional a chance de decidir o jogo a seu favor ainda no período regulamentar, mas desta vez Frederico Saraiva não teve o faro de golo que o caracteriza.
Quis o destino que fosse Bruno Pinto, autor do primeiro golo, a tornar-se no homem do jogo com um golo de se lhe tirar o chapéu.
Nos quartos-de-final, Moçambique terá como adversário, ao que tudo indica, o Brasil. O jogo está agendado para amanhã e tem início previsto para as 23:00 horas (18:00 horas de San Juan).